
Escândalo Progressivo. Épico Pitoresco. Estonteante Performance. Encontrar complementos que engrandeçam as iniciais EP não faltam para o que a banda de Charlotte entrega aqui. Portanto, quando algo é realmente bom e merece exaltação, nada substitui um bom xingamento.
O quarteto já vinha de uma pedrada avassaladora em seu debute de 2023, Opus. Tanto que, a julgar pelo nível das composições, a pressão para um segundo disco tinha lá seus níveis everestianos. E não é que Phillip Rich, Cole Millward, Paul Wood e James Nelson colocaram suas ideias e instrumentos nas costas e escalaram sem medo de cair no meio do caminho?
Ozai é ‘ozado’, incluindo guturais meticulosos nas linhas melódicas engenhosas. Em alguns momentos, soa até como Rage na época do Unity, só que muito mais, digamos desafiador. Isso já fica claro em “Life, the Universe, and Everything”, faixa que abre o EP com autoridade de banda grande. Contratempos bem encaixados, guitarras pesadas com harmônicos que fariam Zack Wylde largar a guitarra para aplaudir, linhas de bateria precisas e imprevisíveis além de um vocal que amarra tudo com um nó de marinheiro nerd.
“The Effervescent Power” mantém a pegada forte, mas já oferece evoluções mais contagiantes, misturando a intensidade do metal nas construções de intro e ponte, explodindo num refrão maravilhoso, daqueles que convidam para ficar e ouvir o resto da música. Destaque para os arranjos de bateria no próprio refrão, acentuando notas inesperadas que tornam a canção única, como se aquilo realmente precisasse estar ali para funcionar. E funciona.
Agora, em “Out With a Bang” eles brilham com força. Um dos melhores singles de prog dos últimos tempos, sem medo de errar. Eles conseguiram colocar absolutamente tudo aqui: um início com frescor de balada que escala para compassos energéticos, pousa no refrão lindo e desagua em ambientações do puro suco de Pink Floyd e Dream Theater. É como se eles pudessem absorver as melhores safras do estilo e viessem com algo ainda mais saboroso.
O disco podia acabar aqui. Mas eles ainda deixaram a impressionante “Mecca”, que nos lembra anos dourados do Opeth e a encerram com “Jormungand” que explora os caminhos clássicos do progressivo, cheio de orquestrações e transições que agarram quem ama o estilo pelo coração e faz bater até o fim de seus cinco minutos e trinta e sete segundos.
Ozai, meus amigos, eu ‘ozo’ dizer, que é o melhor EP do ano. E se fosse álbum, seria o melhor também.
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