
Você está dirigindo um carro por uma estrada. Está de noite. E as luzes da cidade estão se afastando no seu retrovisor. Você se vê sozinho. Se afastando da vida agitada de uma cidade. Aí você continua dirigindo. Logo pela manhã, você chega em um vilarejo pequeno. Apenas um posto de gasolina, um bar, uma igreja e algumas casas. Isso é o que sinto quando coloco o Nebraska (de 1982) do Bruce Springsteen pra tocar.
Esse disco é uma jornada onde saímos da nossa bolha da cidade e vamos viver a vida dos comuns e dos esquecidos, com a voz rouca e apaixonada do Bruce Springsteen como trilha sonora. Tudo isso acompanhado por acordes que contam histórias mais profundas do que o oceano. É uma experiência transcendental.
O que faz esse disco ser um clássico? É como se o Bruce tivesse pego um pedaço da alma dos Estados Unidos e o transformado em um disco. As letras são como contos sombrios de pessoas comuns, lutando contra o destino, o amor e a vida em geral. É como se você estivesse sentado em um bar sujo, ouvindo as confissões mais íntimas de estranhos. É aquele meme do cara com um cigarrinho e uma cerveja chorando em um boteco com dois músicos tocando no fundo.
O disco é todo acústico. Praticamente as demos do Bruce tocando em casa viraram o disco. Só ele, violão e pitadas de gaita. Não é nada exagerado, apenas o HOMEM e seu violão, como se estivesse tocando para você em um quarto escuro. É cru, é honesto, é visceral. Não tem como não se conectar com isso.

Vou falar de algumas das minhas músicas favoritas.
A faixa título Nebraska é uma pancada no peito logo de cara. Bruce começa contando a história de Charles Starkweather, um serial killer. A vibe sombria, os acordes simples, é como se você estivesse caminhando por uma rua deserta, sabendo que tem algo assustador no ar. É música para arrepiar os pelos do braço.
Atlantic City é uma daquelas músicas que você não consegue tirar da cabeça. Com sua melodia cativante e letras que misturam esperança e desespero, o The Boss nos leva para o coração de Atlantic City, com todos os seus sonhos quebrados e promessas não cumpridas. Uma verdadeira obra-prima.
Em Highway Patrolman, Bruce conta a história de dois irmãos, um policial e um criminoso, e toda a complexidade dos laços familiares e da lealdade. É como se estivéssemos assistindo a uma cena de um daqueles filmes de drama policial, com todos os altos e baixos emocionais.
Já State Trooper é uma daquelas músicas que te deixam arrepiado desde o primeiro acorde. Com um ritmo hipnótico e letra enigmática. Aqui, Bruce nos leva por uma viagem pela mente de um homem à beira do abismo. É como se estivéssemos correndo pela estrada escura da alma humana, com medo do que vamos encontrar no final. É intenso, é profundo, é Bruce Springsteen em sua pura genialidade. Taca play que será amor. Pra sempre.
Ouça Nebraska do Bruce Springsteen
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