Scum, do Napalm Death. O disco gravado por duas bandas diferentes na mesma banda

Lançado em 1º de julho de 1987, Scum é um disco brutal e caótico que lançou as bases do grindcore e levou o metal extremo pra um novo patamar de peso e sonoridade.

É sempre fascinante saber que as bandas que gostamos tiveram 37 formações diferentes, mudanças de integrantes, e todo fã conhece de cabeça e tem a sua formação favorita. Algumas bandas lendárias, iguais ao Deep Purple, têm até nome especial para cada uma das suas épocas.

Em 1981, o Napalm Death começou, mas foi só em 1987 que o mundo conheceu o seu disco de estreia. Um disco em que cada um dos lados foi gravado por integrantes diferentes, só mantendo o baterista, e mesmo assim soa coeso, consistente e, acima de tudo, brutal.

Vindo de uma mistura de anarco-punk, metal, hardcore e metal extremo, o grindcore da banda fez história e mudou os rumos do metal extremo que conhecemos. Político, barulhento, ousado e bestial, Scum é um desses clássicos que, mesmo não conseguindo suportar a barulheira, não se pode tirar a importância.

Entre 1981 e 1985, a banda, fundada por Nic Bullen (baixo/vocal) e Miles Ratledge (bateria), gravou algumas demos e ensaios. Já com temas de ideologia anarquista, a banda conseguiu se firmar na cena underground da Inglaterra. Em 1986, Nic Bullen seguia na banda e, com a adição de Justin Broadrick na guitarra e Mick Harris na bateria, a banda entrou no estúdio Rich Bitch Studios, em Birmingham, na Inglaterra, e gravaram basicamente as músicas que estão no Lado A do disco.

Logo depois dessas gravações, Nick e Justin saem da banda, e Mick Harris segue tocando o barco. Entram na banda, em 1987, Lee Dorrian nos vocais, Bill Steer na guitarra e Jim Whitely no baixo. Com essa formação, eles entram para completar aquelas músicas e resolvem gravar um Lado B. Nessa segunda formatação de banda, veio uma das músicas mais famosas e emblemáticas do Napalm Death, a incrivelmente curta “You Suffer”, que tem gigantescos 1 segundo de duração.

O disco tem 28 faixas e com média de 1 minuto em cada uma. Mas se a gente contar que 10 faixas tem menos de 45 segundos, até que a outras faixas fazem justiça ao tamanho das músicas do Ramones. E no fim das contas, o disco não é cansativo e nem repetitivo. Mesmo rápido, cada música tem a sua energia única.

Confesso que fiquei sabendo da existência do Napalm Death por causa dessa música. Tanto pela piada quanto pela ousadia. Quando chegou uma fitinha desse disco na minha mão, quase não acreditei na brutalidade e velocidade desse disco. Com certeza era a coisa mais pesada que já tinha escutado na minha vida.

Apesar de cada lado do disco ter sido gravado com apenas um integrante mantido, o disco soa completamente consistente. O lado A um pouco mais punk hardcore e o lado B um pouco mais death metal. É quase como um registro de como o som fundamental do disco está lá, mas se percebe o que cada um dos novos integrantes trouxe para a banda.

Depois, em 1988, Shane Embury entrou no baixo e é o único integrante que está na banda até hoje. Depois, nos anos 90, entrou no vocal o Barney Greenway e, na guitarra, o Jesse Pintado, mas o resto é uma história para outro dia.

O que importa é que esse clássico absoluto do grindcore completa hoje 38 anos. Imagina um disco com essa brutalidade e violência sonora sendo lançado em 1987. A explosão com certeza foi mais impactante que hoje. Se bem que, se você der esse play hoje, vai tomar uma paulada na orelha.


Ouça Scum do Napalm Death


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