O voo rasante de Jade Bird

Sobrevoando as misérias humanas de perto, a cantora britânica arrasta suas asas num provável álbum irresistivelmente emocional

Who Wants To Talk About Love?
Essa é a interrogação e o nome do terceiro álbum dessa artista com um timbre que parece um anzol novo atravessando de fora a fora o coração de desavisados que a ouçam por acaso.
Jade Elizabeth Bird, certamente, faz mais do que fazer perguntas. E também faz mais do que as sínteses da crítica, que dessa vez tem observações positivas de Rolling Stone e Pitchfork da vida.

Amante do som e da aparência das palavras, ela compõe encaixando todas essas percepções enquanto se desvia dos rótulos de country de mais e folk de menos. É difícil colocar uma fã de Alanis Morissette numa caixa tão previsível, principalmente após ouvir o escândalo que é ‘Dreams’, uma das quatro faixas disponíveis do novo disco.

É um poder com controle. Ela sabe beirar o enlouquecimento e depois te fazer abrir sorrisos como quem redescobriu a sanidade. Aposta numa sonoridade fluída, empresta elementos daqui e dali e entrega mais do que a modernidade musical merece.
Seus ombros estão descansados por não precisar carregar gêneros para se mostrar relevante e abrir portas que vivem destrancadas ao pop convencional.

Desde ‘Lottery’, seu primeiro single que fez a BBC prestar atenção no que ela tinha a dizer, ela evoluiu na forma de escrever e cantar as próprias autenticidades de uma forma que ninguém no planeta teria a mesma sensibilidade de fazer um cover.

É difícil soar folk, rock alternativo e pop sem parecer que se está atirando para todos os lados. Bird simplesmente acerta. E a única opção possível é cair de amores.
Ou, no caso dela, sair voando.

Que o tempo voe até 18 de julho.


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