Injetando soul na pele, Ina Forsman hipnotiza o universo em 12 atos

After Dark Hour traz a exuberância refrescante da cantora finlandesa em sua versão mais irresistível dentro do estilo

A reputação de encantar plateias em qualquer tipo de palco se estende à performance em estúdio dessa artista, pra não dizer o mínimo, arrebatadora.
Desde o lançamento de seu primeiro disco homônimo, Ina deixava os ventos sessentistas e setentistas do soul esvoaçarem seus cabelos, com algumas rajadas de blues e jazz que sopraram com força pra dentro de seu coração — e seu estilo de composição.

Em After Dark Hour, sua história alcança um nível invejável de poderio criativo, incorporando ao soul retrô passagens inspiradas no mais puro R&B, fazendo a própria Motown sentir que está olhando para seus anos dourados. É o resultado de alguém que escolhe colocar sua energia ao vivo em cada segundo das gravações — as canções já nascem prontas para explodir, desde apresentações mais intimistas até grandes festivais.

“Four Seasons” abre o álbum num groove envolvente que automaticamente nos faz fechar os olhos e admirar a entrada de cada instrumento. Isso até o momento em que a surge a voz que parece aquele abraço que damos em quem que não vemos há muito tempo. Ina tem o timbre de alguém que traz boas e péssimas notícias e mesmo assim acabamos sorrindo. Ela pode anunciar milagres e catástrofes que tudo soará perfeitamente compreensível.

As modulações de seu timbre manipulam sensações e percepções. Num momento estamos envolvidos no ritmo otimista e dançante da faixa-título e, no outro, imersos na sensualidade de “Stubborn”, despindo roupas, egos e o que mais alguém ouse vestir. Joss Stone respiraria fundo e adoraria colocar seus pés descalços nesse mar de volúpia.

As frequências voltam a aumentar na genial “Freedom Manifesto”, onde o baixo brilha no tema principal, acompanhando por metais marcantes e vocais de apoio que oferecem um clima gospel. Um acerto primoroso do produtor Michael Bleu, considerando o número de elementos que precisaram ser equilibrados.

Agora, em “That Is All”, os anjos abandonam suas asas e regressam às profundezas para serem açoitados voluntariamente pelas cordas vocais da srta. Forsman. São cinco minutos e dois segundos de perder o fôlego, a consciência, o rumo, a noção e qualquer outra medida possível de controle.

Quando os arcanjos tentam se recuperar para voltar ao paraíso, “Alone” os puxa de volta e então todos entendem que não existe um lugar melhor pra morar do que aqui. A estrutura dessa canção tem arranjos e dinâmicas aparentemente simples, porém, o caminho que escolhem pra suavizar o refrão é digno de um passeio pelo Dubai Miracle Garden.

After Dark Hour é a razão mais sensata das hipérboles existirem.
E também a razão de existir a nota 10 para um álbum.


Faixas

1. Four Seasons
2. After Dark Hour
3. Stubborn
4. Pass You Bye
5. Freedom Manifesto
6. That Is All
7. Alone
8. As Long As It Takes
9. Good Man
10. Mama’s Groove
11. (I Can’t Believe) We Made It
12. First Of June


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