Newsletter Silêncio no Estúdio Vol. 262

Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças. A coluna também permanecerá em aberto para que nossos colaboradores possam trazer pautas livres, caso o ritmo de lançamentos não seja satisfatório. 


LANÇAMENTOS/PAUTA LIVRE


Por Vinícius Cabral

FALEM DE MARIA

Não é tão lançamento assim. Mas levando em conta o fato de que não estão falando muito deste álbum, resolvi arregaçar as mangas. Maria Esmeralda é um álbum conceitual (e, apesar disso, é fantástico), assinado por uma penca de artistas. Para ser mais preciso, cinco – apesar de não aparecerem todos os nomes nos maravilhosos serviços de streaming: Thalin, VCR Slim, Cravinhos, Pirlo e iloveyoulangelo.

O grupo parece em uma busca particular por Maria Esmeralda (que dá título ao disco), mas acaba atingindo a ideia de Maria – que são sempre muitas; a Maria bíblica, a Maria matriarca das famílias desconstruídas das periferias brasileiras, a Maria de quem não se fala (“não fale de Maria“, como Chico Buarque anuncia em um dos samplers do disco); “Maria, onde cê tá?“, pergunta um dos artistas. É esse o ponto.

Lírica e conceitualmente, os cinco amigos e colaboradores mesclam referências à bossa-nova (Marília Medalha sai do ostracismo para recitar um belíssimo poema já na faixa de abertura – Lúdica), boombap, trap, e muita rima solta em cima de beats e loops cirúrgicos. E muitos samplers; de novela, de canções tradicionais brasileiras, e por aí vai.

A fórmula parece que se desgasta um pouco por volta de Amarelo Cor do Sol (que abusa do loop e o insere em uma progressão prog meio clichezão), mas o álbum toma um fôlego fora do comum para a etapa final. Canções como Boca de Ouro e Dedo Cheio de Anel são grandes destaques brasileiros do ano. Essa última nos traz mais um respiro do que o conceito do álbum produz a partir da imaginação poética desse coletivo meio anônimo – “eu quero uma vida simples / de boa com a minha família”.

É um disco que mira em um conceito específico, muito particular (uma Maria, afinal?) mas que acerta em uma universalidade raramente acessada hoje em dia. Nestes momentos, é arrepiante. E são estes arrepios – e um clima underground- que talvez explique o quanto o trabalho tem sido ignorado, ou subestimado. Mas são essa marcas que irão carregar Maria Esmeralda como um dos trabalhos mais honestos, arriscados e potentes de 2024.

Ouça Maria Esmeralda aqui


Por Márcio Viana

MAIS DO MESMO. AINDA BEM.

Daria para passar horas dissertando sobre o alcance vocal de Ian Gillan não ser mais o mesmo, sobre consequências da idade, etc. Mas não é o caso. O que vale aqui é falar sobre a percepção que o cantor teve de seu próprio alcance, da priorização das regiões que ele ainda domina vocalmente e sobre como isso o beneficiou para seguir cantando bem. Ninguém espera – ou não deveria esperar – que ele tente os agudos de Child In Time que tanto empolgavam os fãs nos anos 70.

Dito isso, o Deep Purple não faz feio em seu novo álbum, =1 (parece que só o próprio Gillan sabe o significado deste título). Os méritos vão além da consciência vocal do cantor (ele até arrisca uns agudos em uma região mais segura): a parceria estabelecida nos últimos anos com o rigoroso produtor Bob Ezrin trouxe uma estabilidade grande.

Também é preciso mencionar o novo gás obtido com a chegada do “jovem” Simon McBride para substituir Steve Morse nas guitarras. O escocês de 45 anos já havia tocado em projetos do tecladista Don Airey, e sua guitarra toma conta do álbum, sabendo muito bem ser reverente e inovador ao mesmo tempo. E o entrosamento com Airey, o outro “novato” da banda (substituindo o saudoso Jon Lord desde 2002) é claríssimo.

As músicas do álbum trazem as características do Deep Purple clássico, por vezes lembrando os anos 70, outras parecendo a versão da banda nas décadas seguintes. E isso não é nada ruim. Talvez não chegue a entrar em listas, mas, se não tem em sua lista nada extremamente memorável, também dá pra dizer que a audição agrada muito.

Ouça =1 aqui


Por Brunno Lopez

PERMANENT VACATION DE VERDADE


Há pouco foi lançado um documentário do Bon Jovi onde, entre outras coisas, podemos ver a luta de Jon para recuperar suas cordas vocais após muitos anos de rock em roll e voz de peito.

A banda sobreviveu e segue na estrada com disco novo e uma considerável recuperação do vocalista.

No caso do Aerosmith, a história foi diferente. Com um dos timbres mais peculiares da cena, Steven Tyler não teve a mesma sorte do cantor de New Jersey e o lendário Aerosmith encerrou não apenas a turnê que faria, mas as atividades.

É difícil ver uma instituição do Hard Rock se esvair e nessas horas até desejamos que certas coisas durem pra sempre. Falamos de renovação na música e entendemos que os ciclos precisam se fechar mas estamos vendo páginas inteiras da história se virando.

O Aerosmith é (agora foi) um dos maiores expoentes de influência para a existência de incontáveis outras bandas. Passearam pelos estilos e alcançaram o mainstream com a química irresistível de Perry&Tyler.

Até onde vale a pena ir além dos limites do corpo para uma agenda de shows?
Perry teria outro ataque cardíaco no palco?

Talvez estejamos diante de um momento em que os ídolos precisem também aproveitar seus próprios legados sem a necessidade de tocar para a conta fechar. Não que seja o caso do Aerosmith, mas é o que se observa na contemporaneidade de dedo no streaming e gritaria.

Dream on, eles diziam.
É o que nos resta. Mesmo nos sentindo com um gigante Hole in Ours Souls.

Ain’t that a bitch?

Por Bruno Leo Ribeiro

EXPERIÊNCIAS COM METAIS PESADOS

Esta semana, Bruno Leo foi ali ver uns amigos e semana que vem estará de volta contando tudo para vocês. Keep on rocking!


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana

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