Newsletter Vol. 258

Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças. A coluna também permanecerá em aberto para que nossos colaboradores possam trazer pautas livres, caso o ritmo de lançamentos não seja satisfatório. 


LANÇAMENTOS/PAUTA LIVRE

Por Bruno Leo Ribeiro

VIÚVO DE ANATHEMA

Uma das bandas que mais gosto que começaram de um jeito e se transformaram em outra é o Anathema, banda de Liverpool na Inglaterra. De Beatles, eles não tem nada, mas de Pink Floyd da fase mais melancólica eles tem bastante.

Anathema é uma dessas bandas que entram no Hall of Fame da tristeza junto com Elliott Smith. Suas músicas tem tanta melancolia e tristeza que você acaba se animando. “Caraleo, bicho. Essa galera tá bem mais triste do que eu! Como que eu vou ter coragem de fazer drama agora?!”.

Esse é o sentimento.

Mas infelizmente o Anathema foi uma das bandas que acabaram na pandemia e cada um foi seguir seu caminho.

Felizmente mês passado o vocalista Vincent Cavanagh, que tem uma voz maravilhosa, está se lançando solo em um projeto chamado The Radicant. E o primeiro single de um EP que está pra sair em breve já está disponível pra dar aquela conferida. (veja o clipe abaixo)

Eu como bom fã e viúvo da banda, já dei aquele play sabendo que iria gostar e não me arrependi. Tem aquela essência de Anathema, mas com um toque moderno e um pouco mais alternativo e bem menos Prog Rock. Vem ouvir em loop junto comigo esse single antes do EP sair no dia 12 de Julho.

Ouça aqui


Por Vinícius Cabral

LOREM IPSUM

Não fui justo com o Brat, confesso. Me contaminei por todo o delírio coletivo que circundou o álbum. É um dos efeitos colaterais de se pagar internet.

Mas algumas verdades devem ser ditas. É um disco muito bom. Coeso, criativo, autoral (ou o máximo que o pop permite que se seja) e levemente desafiador. “Game changer”?, “Reset cultural”?, “disco do ano”? Calma aí gente. Não é isso não.

Brat é um grande álbum pop, com um aceno confessional que coloca a artista em um patamar de autora como nunca antes. Ela se abre, expõe suas inseguranças e isso marca bastante o trabalho liricamente. Musicalmente, se afasta um pouco da onda já desgastada do hyperpop. O acesso às trends sonoras y2k somadas às batidas e samplers saturados que caracterizam o “gênero” ainda embalam os singles aqui (como algumas das mais fracas do álbum para mim, 360 e Von dutch).

Mas, no geral, há espaço para canções com imaginação e vocação mais transversal, como a linda Everything is romantic, com direito a uma intro com cordas. O clima segue diferenciado em Apple, por exemplo, uma das melhores melodias do catálogo de Charli, juntamente com a empolgante I think about it all the time. Girl, so confusing chega a ser legal, e há momentos fortes em Mean Girls, um aceno ao throwback indie sleaze que anda marcando o ano de 2024.

E eu diria que é isso. Não há nada de novo aqui (o que é a vantagem do disco por um lado). A onda do hyperpop, depois de quase uma década e de umas radicalidades malucas (como 100gecs), já deu o que tinha que dar e Charli parece saber disso. Mesmo com um time que conta com uma das maiores referências do “gênero”, o produtor A.G Cook, o álbum se afasta um pouco disso tudo. Charli precisava (ou queria) se afirmar como autora de um novo tipo de pop– mais afeito às nuances autorais de seus proponentes. O disco é ok, dá certo e funciona neste sentido. E isso é o suficiente.

Há o argumento de que as inovações, antes delirantes, comandadas por A.G Cook, xcx e SOPHIE (entre outros), seguem vivas em certo país aí da Ásia. Mas isso é uma conversa para outros momentos.

Aqui dou meu veredito sobre o Brat. Um disco com enormes destaques e outros momentos cansativos (eu pulo faixas). Digno de listas e de alguma aclamação. Mas não muita. Tem que separar o hype daquilo que a obra efetivamente produz no ouvinte e representa na cena.

Ouça Brat aqui


Por Márcio Viana

NÃO SABER TAMBÉM É SABER

Para quem acompanha esta newsletter, o nome de Mabe Fratti não é estranho. Ela já esteve por aqui em texto do Vinícius Cabral sobre seu disco de 2022, Se Ve Desde Aqui, e com seu projeto Titanic na lista de melhores de 2023, também do Vini.

Agora a cantora e violoncelista guatemalteca radicada no México chega com novo álbum, Sentir Que No Sabes, novamente com sons que escapam completamente do lugar-comum e letras inspiradas.

Em comparação com seu antecessor, Sentir Que No Sabes é ainda mais desafiador das estruturas tradicionais do pop. Em Kravitz, faixa de abertura, um baixo levemente distorcido é o fio condutor da música, fazendo contraponto com piano, trompa e bateria. Ao longo dos 41 minutos do disco, ela abraça o caos, alternando os sons de cello com arco ou pizzicato, entremeados por sons percussivos inusitados e outros efeitos.

Muito disso provavelmente se deve à ativa participação de seu parceiro de Titanic, Héctor Tosta, conhecido pela alcunha de I. La Catolica.

Na vagarosa Alarmas olvidadas, Fratti alterna seu canto com um vocoder e cordas em um loop manipulado eletronicamente, enquanto a letra manda a real: a verdade é um desafio. Sinta-se desafiado a dar o play.

Ouça no Bandcamp:

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Ouça aqui


Por Brunno Lopez

SINGLE? SIM, GO!


É a tônica de nossos dias atuais e já falamos muito sobre isso tanto em nossos programas quanto em nossas newsletters. Os sujeitos não lançam mais discos de uma vez e ficam espalhando singles aqui e ali pra manter a rede social musical ativa e fazer carinho nos ouvidos do algoritmo.

Tudo bem? Não. Mas o Scarlet Rebels acertou em ‘Grace’, aparentemente a terceira faixa de Divine and Conquer, o álbum que ainda não veio mas já tem 4 músicas, contando com esta que acabei de falar.

A sonoridade está na minha zona de conforto estético e de performance, ou seja, eles fazem um Hard Rock acessível com roupagem contemporânea. Agora, o que realmente chama a atenção e provavelmente atrairá ouvintes da audiência rotativa, é a forma que o release da banda define a ideia desse momento do grupo:

“Um encontro moderno de U2 e Bruce Springsteen”

Digam vocês.

Ouça aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana

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