Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças. A coluna também permanecerá em aberto para que nossos colaboradores possam trazer pautas livres, caso o ritmo de lançamentos não seja satisfatório.
LANÇAMENTOS/PAUTA LIVRE
Por Bruno Leo Ribeiro
VIÚVO DE ANATHEMA
Uma das bandas que mais gosto que começaram de um jeito e se transformaram em outra é o Anathema, banda de Liverpool na Inglaterra. De Beatles, eles não tem nada, mas de Pink Floyd da fase mais melancólica eles tem bastante.
Anathema é uma dessas bandas que entram no Hall of Fame da tristeza junto com Elliott Smith. Suas músicas tem tanta melancolia e tristeza que você acaba se animando. “Caraleo, bicho. Essa galera tá bem mais triste do que eu! Como que eu vou ter coragem de fazer drama agora?!”.
Esse é o sentimento.
Mas infelizmente o Anathema foi uma das bandas que acabaram na pandemia e cada um foi seguir seu caminho.
Felizmente mês passado o vocalista Vincent Cavanagh, que tem uma voz maravilhosa, está se lançando solo em um projeto chamado The Radicant. E o primeiro single de um EP que está pra sair em breve já está disponível pra dar aquela conferida. (veja o clipe abaixo)
Eu como bom fã e viúvo da banda, já dei aquele play sabendo que iria gostar e não me arrependi. Tem aquela essência de Anathema, mas com um toque moderno e um pouco mais alternativo e bem menos Prog Rock. Vem ouvir em loop junto comigo esse single antes do EP sair no dia 12 de Julho.
Por Vinícius Cabral
LOREM IPSUM
Não fui justo com o Brat, confesso. Me contaminei por todo o delírio coletivo que circundou o álbum. É um dos efeitos colaterais de se pagar internet.
Mas algumas verdades devem ser ditas. É um disco muito bom. Coeso, criativo, autoral (ou o máximo que o pop permite que se seja) e levemente desafiador. “Game changer”?, “Reset cultural”?, “disco do ano”? Calma aí gente. Não é isso não.
Brat é um grande álbum pop, com um aceno confessional que coloca a artista em um patamar de autora como nunca antes. Ela se abre, expõe suas inseguranças e isso marca bastante o trabalho liricamente. Musicalmente, se afasta um pouco da onda já desgastada do hyperpop. O acesso às trends sonoras y2k somadas às batidas e samplers saturados que caracterizam o “gênero” ainda embalam os singles aqui (como algumas das mais fracas do álbum para mim, 360 e Von dutch).
Mas, no geral, há espaço para canções com imaginação e vocação mais transversal, como a linda Everything is romantic, com direito a uma intro com cordas. O clima segue diferenciado em Apple, por exemplo, uma das melhores melodias do catálogo de Charli, juntamente com a empolgante I think about it all the time. Girl, so confusing chega a ser legal, e há momentos fortes em Mean Girls, um aceno ao throwback indie sleaze que anda marcando o ano de 2024.
E eu diria que é isso. Não há nada de novo aqui (o que é a vantagem do disco por um lado). A onda do hyperpop, depois de quase uma década e de umas radicalidades malucas (como 100gecs), já deu o que tinha que dar e Charli parece saber disso. Mesmo com um time que conta com uma das maiores referências do “gênero”, o produtor A.G Cook, o álbum se afasta um pouco disso tudo. Charli precisava (ou queria) se afirmar como autora de um novo tipo de pop– mais afeito às nuances autorais de seus proponentes. O disco é ok, dá certo e funciona neste sentido. E isso é o suficiente.
Há o argumento de que as inovações, antes delirantes, comandadas por A.G Cook, xcx e SOPHIE (entre outros), seguem vivas em certo país aí da Ásia. Mas isso é uma conversa para outros momentos.
Aqui dou meu veredito sobre o Brat. Um disco com enormes destaques e outros momentos cansativos (eu pulo faixas). Digno de listas e de alguma aclamação. Mas não muita. Tem que separar o hype daquilo que a obra efetivamente produz no ouvinte e representa na cena.
Por Márcio Viana
NÃO SABER TAMBÉM É SABER
Para quem acompanha esta newsletter, o nome de Mabe Fratti não é estranho. Ela já esteve por aqui em texto do Vinícius Cabral sobre seu disco de 2022, Se Ve Desde Aqui, e com seu projeto Titanic na lista de melhores de 2023, também do Vini.
Agora a cantora e violoncelista guatemalteca radicada no México chega com novo álbum, Sentir Que No Sabes, novamente com sons que escapam completamente do lugar-comum e letras inspiradas.
Em comparação com seu antecessor, Sentir Que No Sabes é ainda mais desafiador das estruturas tradicionais do pop. Em Kravitz, faixa de abertura, um baixo levemente distorcido é o fio condutor da música, fazendo contraponto com piano, trompa e bateria. Ao longo dos 41 minutos do disco, ela abraça o caos, alternando os sons de cello com arco ou pizzicato, entremeados por sons percussivos inusitados e outros efeitos.
Muito disso provavelmente se deve à ativa participação de seu parceiro de Titanic, Héctor Tosta, conhecido pela alcunha de I. La Catolica.
Na vagarosa Alarmas olvidadas, Fratti alterna seu canto com um vocoder e cordas em um loop manipulado eletronicamente, enquanto a letra manda a real: a verdade é um desafio. Sinta-se desafiado a dar o play.
Ouça no Bandcamp:
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Por Brunno Lopez
SINGLE? SIM, GO!
É a tônica de nossos dias atuais e já falamos muito sobre isso tanto em nossos programas quanto em nossas newsletters. Os sujeitos não lançam mais discos de uma vez e ficam espalhando singles aqui e ali pra manter a rede social musical ativa e fazer carinho nos ouvidos do algoritmo.
Tudo bem? Não. Mas o Scarlet Rebels acertou em ‘Grace’, aparentemente a terceira faixa de Divine and Conquer, o álbum que ainda não veio mas já tem 4 músicas, contando com esta que acabei de falar.
A sonoridade está na minha zona de conforto estético e de performance, ou seja, eles fazem um Hard Rock acessível com roupagem contemporânea. Agora, o que realmente chama a atenção e provavelmente atrairá ouvintes da audiência rotativa, é a forma que o release da banda define a ideia desse momento do grupo:
“Um encontro moderno de U2 e Bruce Springsteen”
Digam vocês.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana