Newsletter Vol. 250

Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças. A coluna também permanecerá em aberto para que nossos colaboradores possam trazer pautas livres, caso o ritmo de lançamentos não seja satisfatório. 


LANÇAMENTOS/PAUTA LIVRE

Por Vinícius Cabral

HAVERÁ OUTRO?

A coluna é de “lançamentos”. Mas vou de “pauta livre” porque não dá pra falar de outra coisa. Neste 8 de maio de 2024 perdemos um dos personagens mais importantes da história do rock alternativo. Falo com toda a tranquilidade e sem nenhum exagero.

Músico, engenheiro de som, produtor e um tanto de outras coisas, Steve Albini nos deixou na flor da idade, aos 61. Sim, na flor da idade. Nos últimos anos vinha tocando humildemente o estúdio Electrical Audio, em Chicago. No canal do estúdio há uns vídeos muito bacanas do próprio Albini compartilhando seus “segredos” de gravação (confira aqui). Coloco a palavra (segredo) entre aspas porque Albini era honesto e humilde demais para monopolizar conhecimento. O fato dele ter criado uma assinatura tão marcante em suas gravações e mixagens é algo à prova de imitações, e ele sabia disso. É como se ele dissesse: “aqui está a técnica. Para além disso, é com a cabeça de vocês”.

E este era outro elemento encantador de Albini. Era um técnico criativo, que estimulava a todo tempo que os artistas se soltassem, deixassem sua arte falar. Onde vai colocar o microfone deixa com ele. Como na impressionante carta que enviou ao Nirvana (postada pelo Twitter da própria banda aqui), Albini não queria fama ou porcentagem dos royalties. Queria gravar a banda da melhor forma possível para aquele álbum em específico, e receber como um encanador – ele cobra o serviço, executa com excelência e pronto. A arte é da banda. A emoção, a performance, os fãs.

Imagina um cara que fez o que Albini fez, a ponto de Kurt Cobain e banda praticamente implorarem por sua presença no In Utero, se mostrando aberto e brutalmente honesto dessa forma? Será que há outro Steve Albini por aí? Haverá outro?

Minha expressão pessoal mudou totalmente, como artista e fã de rock alternativo, quando ouvi a primeira levada quebrada de Bone Machine, faixa de abertura de Surfer Rosa dos Pixies. Eu não sabia na época em que dei o primeiro play, mas hoje sei que a marca daquela porrada era Steve Albini (trabalhando, claro, com o grupo quintessencial do gênero, pelo menos nos 80s).

Minha vida nunca mais foi a mesma.

Saudações e muita paz onde quer que você esteja Albini.


Por Márcio Viana

A VIDA SEMPRE ENCONTRA UM JEITO

Gabi Lima é uma engenheira de som, produtora, musicista e compositora gaúcha, com base em Los Angeles. Com a alcunha de GRU, lançou em 2013 o incrível álbum Welcome Sucker to Candyland, co-produzido por ela própria com John Ulhôa, do Pato Fu.

Tanya Donelly, se necessária a apresentação, é uma musicista e compositora, fundadora de bandas fundamentais como Throwing Muses, Belly e The Breeders.

Um belo dia, Gabi mandou a Tanya uma música instrumental, e a frase “gene recessivo nadando contra a corrente”, descrevendo as ideias para concepção de uma letra. Após algumas chamadas pelo Zoom, nasceu Golden Cut, a parceria entre ambas, junto à ideia de lançar como single próximo ao Dia das Mães, já que o conceito da canção era sobre relações mãe/filha/filha/mãe, como descrevem no release.

Feita a composição, chamaram Gail Greenwood, Magen Tracy, Melissa Gibbs e Tamora Gooding para completar os instrumentos, e cada uma gravou em um lugar. Belíssimo trabalho coletivo, produzido pela dupla, mixado por Gabi em seu estúdio em L.A. e masterizado por Kátia Dotto, em São Paulo.

Ouça no Bandcamp:

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Ou aqui


Por Bruno Leo Ribeiro

FUNERAL POR JUSTIÇA

Mdou Moctar's 'Funeral For Justice'

Em um cenário de tensão e conflito no Níger, o Mdou Moctar lançou seu mais recente álbum, intitulado “Funeral for Justice”. Este disco é uma poderosa prova de resistência e criatividade. Mdou Moctar, carinhosamente apelidado de Hendrix do Saara, é um músico e guitarrista nascido no Níger, conhecido por sua fusão única de música tradicional do Saara com elementos do Rock contemporâneo e alternativo. Ele nasceu em Abalak, uma pequena cidade no Níger, e aprendeu a tocar guitarra de forma autodidata desde jovem.

Mdou Moctar e sua banda foram surpreendidos pelos conflitos no Níger, que os mantiveram presos nos Estados Unidos devido ao risco de guerra civil e ameaças de golpe. Impedidos de retornar ao seu país de origem, encontraram inspiração nessa experiência para compor “Funeral for Justice”. O álbum reflete essa situação desafiadora, explorando emoções e fazendo críticas à quase extinção de sua língua local em favor da língua colonial.

Com uma fusão sensacional de sons tradicionais e influências contemporâneas, o Mdou Moctar cria um som que não estamos acostumados a ouvir. Há subtons musicais e ritmos que não são familiares, proporcionando uma explosão de estímulos infinitos que expandem nossos próprios gostos musicais.

Já havia ficado encantado com o disco anterior de Mdou Moctar, o “Afrique Victime” de 2021, mas agora com um pouco mais de familiaridade, o “Funeral for Justice” abraçou minha alma e suas melodias me transportaram para lugares incríveis. Para mim, sem dúvida, um dos melhores discos do ano até agora.

Ouça aqui


Por Brunno Lopez

SAMBÓRA CURTIR DISCO NOVO E POLÊMICA?


Disco novo mesmo ainda não. Mas o ex mais amado do universo bonjoviano está seivando o streaming com singles aqui e ali. Além disso, Richie também falou o que todo mundo já percebeu em relação ao documentário da banda: “é mais uma narrativa pela perspectiva de Jon do que um material abrangente, de grupo.”

O guitarrista também sabe dar cutucadas além de palhetadas ao comunicar de adoraria voltar pra banda com a condição de que a voz de JBJ volte também.

Bom, é difícil saber o que (e se) vai acontecer primeiro. Até lá, o talentoso dono das seis cordas nos presenteou com mais uma canção de seu breve disco.

Sounds That Wrote My Life pode não ter a atmosfera envolvente de sucesso de outrora, mas é um registro de alguém que, além do líder de sua banda da vida, também tem memórias pra compartilhar – mesmo que talvez não se transforme num documentário futuro.

Ouça aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana

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