Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Por Bruno Leo Ribeiro
FEBRE DE LUA CHEIA
Não foi por causa do trailer de GTA VI que voltei a ouvir o maravilhoso disco do Tom Petty chamado Full Moon Fever. Mas desde que o ano começou, tenho ouvido bastante esse disco, me preparando para um Raio-X com os detalhes dessa obra. Então nem vou entrar muito em detalhes na Newsletter, mas fica aí a dica pra esse aquecimento pra um episódio que vem na temporada 2024.
O Full Moon Fever é um disco “Solo” do Tom Petty sem a sua banda The Heartbreakers, mas quem ele tava querendo enganar? No fim das contas o baterista do Heartbreakers Stan Lynch participa do disco, mas o resto da banda ficou bem bolada com essa empreitada. Até reclamando de tocar as músicas do disco ao vivo, mas quem se importa com tretas de ego quando um disco fala por si só.
Importante é que é um disco maravilhoso, cheio de hits que dá vontade de pegar a estrada e sair dirigindo. É um disco de Road Trip. É um disco direto. É um disco que nem soa tanto quanto um disco dos anos 80 (é de 1989). Não datou. Ainda soa bem.
Se eu pudesse colocar uma música do Tom Petty no meu top 20 músicas da vida, certamente “Runnin’ Down a Dream” seria uma delas. Um hit perfeito, simples, direto e com tudo que uma grande canção de Rock deve ter.
Por Vinícius Cabral
MAL ESTAR E RENOVAÇÃO
A Argentina tem estado muito nos holofotes do noticiário mundial recentemente. Pelos motivos errados (o fascista que tratora o país com uma espécie de “terapia de choque 2.0”). Por aqui temos dado destaque, sempre que possível, ao rock dos hermanos – faceta mais clara da enorme potência cultural do país vizinho, pelo menos desde os anos 70.
As listas de meio de ano do portal Indie Hoy me ajudam a conhecer bandas interessantes, mas este já é o segundo ano consecutivo que lançamos a lista do Silêncio do Estúdio antes da lista do portal, o que ano passado me fez perder alguns discos incríveis. Este ano foi ainda pior. Perdi o lançamento do 2º disco da banda Mujer Cebra, que já estava no meu radar. O trabalho não só é espetacular, como ganhou o título de “melhor álbum do ano” para o Indie Hoy. Estaria na minha lista, certamente (embora não em uma posição tão destacada).
De início torci o nariz. Achei que o pós-punk baseava demais o som do power trio. Mas a própria banda rejeita o rótulo efusivamente, como descobri nesta sensacional entrevista. E eu, após duas audições, já estava convencido de que seria muito preguiçoso rotular o som da banda como pós-punk, simplesmente. A sonoridade de Mujer Cebra é o resultado do “retorno” do shoegaze (como a própria banda denomina) e de experiências mais espontâneas de um punk-indie-grunge como temos visto nos circuitos mais alternativos. Circuitos que, na Argentina, foram capitaneados no início dos anos 2000 pela agora consagradíssima Él Mató a Un Policía Motorizado (banda que Mujer Cebra também cita, obviamente, como influência).
Mujer Cebra é, enfim, uma novidade. Mesmo que em canções como Invisible seja impossível não lembrar de The Smiths, R.EM, Echo & The Bunnymen e demais precursoras do indie dos anos 80, os rapazes argentinos trazem nas melodias a tradição “beatelera”, como eles mesmos descrevem. Nos meus ouvidos, aparece mais a tradição Spinettiana, que corre no sangue dos argentinos. Genericamente, a banda reivindica sua produção como “rock alternativo“, reiterando o que tenho defendido a algum tempo por aqui: uma definição mais abrangente para todo o rock que não é produzido sob os parâmetros comerciais hegemônicos. Afinal, como os próprios rapazes colocam melhor do que eu: “O que mais mata o rock é o próprio rock“.
Mujer Cebra ressuscita a invenção, a descoberta e a angústia quase juvenil que é marca irrestrita de todo (bom) rock alternativo. Na crítica do disco, muito bem redigida pelos colunistas do Indie Hoy, a banda é colocada como um bastião para a Geração Z porteña. Uma geração que, segundo o texto do próprio site, “não tem medo de enfrentar o desconhecido, mas que também sabe abraçar a própria vulnerabilidade onde o silêncio termina”. Clase B é um álbum que abraça as angústias atuais e que consegue transformá-las em poesia. Gritada, cantada e atravessada por riffs pesados, sempre envolvidos em melodias cativantes – quase angelicais, aceitando, talvez, as vulnerabilidades que as letras expõem.
É um disco que pode realmente marcar a história do rock argentino. E que certamente me alimenta com esperanças de tempos mais combativos, com músicas honestas, singulares e atemporais.
Por Márcio Viana
O QUE JÁ TEMOS PARA 2024
Firmei comigo mesmo o compromisso de ouvir algumas das coisas que não pude de nossas listas de melhores de 2023, mas não deu para passar incólume por dois pré-lançamentos deste ano que se inicia. Se os álbuns completos de J. Mascis e Sleater-Kinney entregarem o resultado que os singles lançados até agora prometem, a lista do ano que vem já começa a ser preenchida.
J. Mascis (do Dinosaur Jr, você sabe) vem com seu disco solo What Do We Do Now, com previsão de lançamento em 02 de fevereiro, e até o momento temos duas canções do disco reveladas: a faixa de abertura Can’t Believe We’re Here e a oitava faixa, Set Me Down, ambas com o cantor e guitarrista fazendo o que se espera dele. O destaque, claro, fica para os solos da guitarra elétrica de Mascis em meio aos instrumentos acústicos.
Já o Sleater-Kinney adiantou, desde outubro, três faixas de Little Rope, que sai no dia 19 de janeiro: Hell (minha preferida até agora), Say It Like You Mean It e Untidy Creature, a primeira a aparecer em 2024. Todas as três faixas ganharam clipes, disponíveis no site da banda.
Não dá pra saber ainda, mas o que se sabe já me trouxe uma satisfação.
Por Brunno Lopez
QUEM SABE ISSO QUER DIZER AMOR
Poucas são as estradas que fazem os sonhos acontecerem, principalmente quando não são construídas pelas mãos de Lô Borges e guiadas pela voz de Milton Nascimento. É um novo ano e as primeiras vozes que ouço trazem as mesmas letras e melodias de um clássico mineiro, só que com intérpretes diferentes – porém, não menos radiantes.
Elba Ramalho e Wilson Sideral impressionam num dueto de beleza sincera, roupagem moderna com suavidade e um bom gosto temperado por musicalidades distintas. Os arranjos fizeram a canção ganhar aquela dinâmica gostosa, que te dá um abraço daqueles que nos levantam do chão e dizem que tudo vai ficar bem.
E tem como não ficar?
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana