Melhores discos de 2023
A newsletter desta semana – atrasada pra hoje de propósito – é um resumão da nossa lista de Melhores Discos de 2023 do último episódio da temporada que saiu nessa quarta-feira dia 20 de dezembro. Você pode ler os textos completos com links para cada disco no post do nosso site. Espero que gostem e que todos tenha um fim de ano maravilhos cheio de música nova pra ouvir. Um beijo no coração.
MELHORES DISCOS DE 2023
TERRA ARRASADA?
Quem adormeceu na pandemia e acordou desprevenido em 2023 pode ter levado um susto. Parece que abriram uma fenda no espaço-tempo e, de repente, estávamos em 1997, 1967, 1983, ou em qualquer outro ano que ao menos se apresentasse como mais interessante do que o atual. Acontece que “retrô é veneno”, como nos ensina Jello Biafra. “Você não pode clonar o passado e esperar capturar a magia, muito menos a rebelião do original”. Sempre foi assim.
Mas então por que olhar para o passado com tanto afinco? Uma das poucas explicações possíveis é a terra arrasada que se apresenta diante de nós. Massacres perpetrados em plena luz do dia, guerras incessantes, neocolonialismo destruidor e, claro, as portas do inferno queimando nossas cidades com os danos já irreversíveis do aquecimento global. Tudo isso autorizado pela sanha do consumo e publicação de lixo eletrônico no regime 24/7. Não dormimos mais sem remédios, porque nossos smartphones (cada vez mais smart e inescrupulosos) não deixam. É claro que a indústria musical iria tentar, diante de tudo isso, restaurar um senso de normalidade, entregando conforto e nostalgia às pessoas.
Mas aqui no Silêncio no Estúdio temos rejeitado as soluções fáceis da indústria. É claro que não estamos totalmente alheios aos revivals e “lançamentos” de bandas clássicas, afinal, somos amantes de música. Mas o que temos buscado fazer nestas retrospectivas, desde 2018, é um panorama da música contemporânea, feita hoje para as pessoas de hoje, para refletir sobre como ela explicita os sintomas de seu tempo. E explicita muito. Como diria Jonathan Crary (a quem nos referimos no título deste texto), a música segue sendo uma das poucas áreas da expressão humana que não se sujeita à reificação completa. Ela estabelece conexões reais, e mobiliza comunidades em torno de algo intangível e afetivo.
Por Bruno Leo Ribeiro
A NOSTALGIA VENCEU?
Mais um ano que fiquei com a impressão que a nostalgia venceu. Não no sentido bom. Gosto de nostalgia, não gosto de saudosismo. Me parece tudo muito calculado. Certos revivals e certas voltas não me emocionaram.
No geral, achei 2023 um bom ano, mas não é meu ano favorito na música desde que começamos a fazer a lista de melhores do ano. Talvez a melhor coisa desses anos fazendo lista aqui pro Silêncio no Estúdio, foi a minha própria percepção e expansão do meu gosto. Hoje consigo me emocionar com músicas mais diversas e tentei fazer uma lista com um apanhado de coisas diferentes que me marcaram no ano.
Alguns discos estão aqui na lista puramente por motivos emocionais. Seja um disco que ganhei de presente de um amigo ou por um momento especial que vivi nesse ano. Algumas coisas acabaram ficando de fora e está tudo bem.
Só queria citar alguns discos eu gostei bastante, mas não tinha mais espaço pra entrar na lista, mas podem dar play sem medo: Kylie Minogue, Jessie Ware, Foo Fighters, Pj Harvey, Depeche Mode, Metallica, Kvelertak, Rival Sons e (infelizmente tinha mais espaço) Wilco. Vamos para o Top 20.
TOP 20
20. Extreme – SIX
19. HEALTH – Rat Wars
18. LE SSERAFIM – UNFORGIVEN
17. Durand Jones – Wait Til I Get Over
16. Anohni – My Back Was a Bridge For You To Cross
15. Katatonia – Sky Void of Stars
14. Periphery – Periphery V: Djent is Not a Genre
13. Ville Valo (VV) – Neon Noir
12. Special Others – Journey
11. Wednesday – Rat Saw God
10. Red Velvet – Chill Kill – The 3rd Album
09. King Gizzard & The Lizard Wizard – PetroDragonic Apocalypse
08. Sufjan Stevens – Javelin
07. Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs – Land of Sleeper
06. TesseracT – War of Being
05. SHINee – HARD – The 8th Album
04. boygenius – the record
03. Caroline Polachek – Desire, I Want To Turn Into You
02. Paramore – This Is Why
01. Kara Jackson – Why Does the Earth Give Us People to Love?
Destaques Nacionais
01. terraplana – Olhar Pra Trás
02. Crypta – Shades of Sorrow
03. Pato Fu – 30
04. Jards Macalé – Coração Bifurcado
05. Marcelo D2 – IBORU
06. Lô Borges – Não Me Espere Na Estação
07. Meyot – Sopa Primordial
08. Ratos de Porão – Isentön Päunokü
09. Plebe Rude – Evolução, Vol 2.
10. Sara Não Tem Nome – A Situação
Por Vinícius Cabral
TAKES PARA SUPERAR A “TERRA ARRASADA”
Sempre procuro construir minhas listas preocupado com tudo aquilo que tem sido pensado, escrito e produzido em música, para não ser mais um repetidor de bobagens anacrônicas e sem sentido. Neste aspecto, trata-se de uma lista que tenta processar as novidades de uma forma crítica. Alguns debuts, segundos álbuns, álbuns de consagração para algumas artistas chegando ao topo de suas capacidades criativas. É, enfim, uma lista diversa e voltada para o independente (na ásia, estados unidos, europa e américa latina). Abrange tudo o que eu consegui assimilar como amante e pensador (não pago) de música.
2023 foi um ano atípico, em que passei pelos maiores desafios pessoais de meus mais de 40 anos. A música, como sempre, foi o porto seguro. E transcendeu os limites óbvios da minha própria capacidade de processar as emoções. Flutuei com L’Rain, fiquei puto junto com Noname, chorei com terraplana e Joanna Sternberg, e me diverti muito com Wednesday e La Piba Berreta. Como sempre, o que mais me encantou foram novidades inesperadas. Sonoridades exploradas de maneiras diferentes, novos sotaques e trejeitos. Há, enfim, muita vida ao redor para se celebrar. Espero que se divirtam e se encantem com os meus takes.
TOP 20
20. Newjeans – 2nd EP “Get Up”
19. montegrande – aeropuerto EP
18. Nourished by Time – Erotic Probiotic 2
17. Yaeji – With a Hammer
16. 파란노을 (Parannoul)- After The Magic
15. Winona Riders- Esto es lo que Obtenés Cuando te Cansás de lo que Ya Obtuviste
14. Usted Señalemelo – Tripolar
13. Caroline Polachek – Desire, I Want To Turn Into You
12. Mandy, Indiana- I’ve Seen a Way
11. Titanic- Vidrio (feat. I la Católica & Mabe Fratti)
10. Red Velvet – Chill Kill
09. Water From Your Eyes – Everyone’s Crushed
08. Wednesday – Rat Saw God
07. feeble little horse – girl with fish
06. Joanna Sternberg – I’ve Got Me
05. Sofia Kourtesis – Madres
04. Kara Jackson – Why does the Earth Give Us People to Love?
03. La Piba Berreta – Un Dios Nuevo
02. Noname – Sundial
01. L’Rain – I Killed Your Dog
Destaques Nacionais
01. terraplana – olhar pra trás
02. EBONY – Terapia
03. Alzira E & Corte – Mata Grossa
04. Gueersh – Tempo Elástico
05. Wagner Almeida – Com Cuidado
06. Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo – Música do Esquecimento
07. ogoin & Linguini: TV Show
08. Xande de Pilares – Xande canta Caetano
09. João Gomes – RAIZ
10. Luiza Lian – 7 Estrelas Quem Arrancou o Céu
Por Márcio Viana
CURADORIA PARA CURAR
Ao longo de todos estes anos tendo a honra e o privilégio de compartilhar as impressões musicais com meus amigos de podcast, talvez 2023 tenha sido o que mais me trouxe a sensação de estar usufruindo e realizando uma curadoria. Muito do que está na minha lista veio de compartilhamentos que os colegas me indicaram e de coisas que indiquei.
Também foi um ano em que repensei bastante minhas escolhas, e já no final da composição da lista, caíram alguns medalhões para a entrada de artistas novos. Nada muito pensado como uma guerra entre veteranos e novatos, foi só uma convicção de que talvez fosse necessário jogar luz sobre um movimento que estivesse invisibilizado e sombra sobre outro com excesso de holofotes.A luz deles não irá (e não precisa) se apagar por conta do meu olhar específico, então tá tudo bem.
E depois deste episódio, a curadoria não vai parar: muito do que vejo nas listas de todos daqui eu ainda não tive tempo de ouvir (pelo menos não com a atenção devida), e os próximos meses serão dedicados a essa tarefa. Por isso, não me apego tanto a um ranking do décimo primeiro ao vigésimo, nem do segundo ao décimo brasileiros (dessa vez eu separei as listas), porque tudo muda (e com toda razão, diria um cantor cearense de bigode).
TOP 20
20. Slowdive – Everything is Alive
19. Agabas – A Hate Supreme
18. Full of Hell & Nothing – When no Birds Sang
17. Guided by Voices – Nowhere To Go But Up
16. Paul Simon – Seven Psalms
15. King Krule – Space Heavy
14. PJ Harvey – I Inside the Old Year Dying
13. L’Rain- I Killed Your Dog
12. Timber Timbre – Lovage
11. Me Lost Me – RPG
10. Nicky Wire – Intimism
09. Margaret Glaspy – Echo the Diamond
08. Corinne Bayley Rae – Black Rainbows
07. Usted Señalemelo – Tripolar
06. 파란노을 (Parannoul)- After The Magic
05. Buffalo Nichols – The Fatalist
04. Paris Texas – MID AIR
03. Barbi Recanati – El Final de Las Cosas
02. Sunny War – Anarchist Gospel
01. Kara Jackson- Why Does The Earth Give Us People To Love?
Destaques Nacionais
01. terraplana – olhar pra trás
02. Jards Macalé – Coração Bifurcado
03. Lô Borges – Não me Espere na Estação
04. Lucas Gonçalves – Câmara Escura
05. Besouro Mulher – Volto Amanhã
06. Loyal Gun – Leitmotif
07. Black Pantera – Griô
08. Melvin & Os Inoxidáveis – Copacético
09. Jotadablio – Toda Forma de Adeus
10. João Gilberto – Relicário
Por Brunno Lopez
TEMPOS DE PROTAGONISMOS ESTÉTICOS
2023 foi um ano de lugares seguros na música. Dentro de cenários externos turbulentos, o que mais se percebeu foi um resultado artístico mais lapidado depois das produções pós pandemia, que soavam viscerais quase que por obrigação.
Talvez, inconscientemente, eu tenha escolhido ficar ao redor dos estilos que me trazem conforto imediato, entretanto, esse mesmo direcionamento abriu pequenos portais para experiências saborosas no indie e no, digamos, mainstream alternativo.
O mais importante de tudo é que essa lista não traz apenas os melhores do ano e sim, muito provavelmente, traz álbuns que soarão clássicos logo ali na frente, pois nasceram com protagonismo estético.
Se o mundo realmente acabar, levará uma amostra sonora admirável de sua última geração.
TOP 20
20. Haken – Fauna
19. Paramore – This Is Why
18. Matchbox Twenty – Where The Light Goes
17. Beyond The Black – Beyond The Black
16. Kara Jackson – Why Does The Earth Give Us People To Love?
15. Cyhra – The Vertical Trigger
14. Atlas – Built To Last
13. July Talk – Remember Never Before
12. Tulip – The Perpetual Dream
11. Creeper – Sanguivore
10. Fall Out Boy – So Much (For) Stardust
09. Jason Mraz – Mystical Magical Rhytmical Radical Ride
08. Art Nation – Inception
07. The Dark Side Of The Moon – Metamorphosis
06. Floor Jansen – Paragon
05. Winery Dogs – III
04. Jelusick – Follow The Blind Man
03. City and Colour – The Love Still Held Me Near
02. Ad Infinitum – Chapter III – Downfall
01. Angra – Cycles of Pain
Destaques Nacionais
01. Wilson Sideral – Tropical Blues, Vol.3 (Waves 4)
02. Ludov – Não tem fim (Single)
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas de fim de ano.
Lembrando que no nosso site tem a lista completa com links e um resumo de cada disco. Leiam aqui e ouçam o episódio. 🙂
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana