4 de setembro de 2023
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana, nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música ou, simplesmente, alguma curiosidade ou indicação. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção.
NOTÍCIAS & VARIEDADES
Por Vinícius Cabral
CAMADAS
Ando obcecado pela Carol Kaye. E não é para menos. De volta ao primeiro instrumento que toquei em uma banda de garagem (o baixo), uma das minhas principais missões tem sido me inspirar na maior baixista da história. Pode ser que vocês não acreditem em mim, ou me achem sempre hiperbólico (é foda, eu sei que sou), mas talvez acreditem em Brian Wilson, que tem simplesmente isto a dizer sobre a Carol:
“Ela era a maior baixista do mundo. Ela estava muito à frente do seu tempo. Tocava uma tônica e uma 5ª, ou uma 3ª ao invés de uma 5ª, sabe? Foi uma das primeiras baixistas a começar a tocar dessa maneira”.
Pois. Brian Wilson disse que Carol estava à frente do seu tempo. O Brian. Wilson.
Além do uso das 3ªs ao invés das tradicionais 5ªs e 7ªs (o clichê automático dos baixistas), Carol desenvolveu a técnica de mutar as cordas com a mão, enquanto tocava linhas “cavalgadas” (inspiradas, talvez, no jazz) com a palheta. Sua técnica é detalhadamente esmiuçada neste vídeo espetacular, então nem vou gastar muito o tempo de vocês com nuances técnicas. Fato é que Carol desafiou a um só tempo diversas convenções: tocou baixo de palheta (sim, isso é possível, e pode ser extremamente criativo), inovou nas linhas melódicas e tocou múltiplos instrumentos em estúdios abarrotados de homens, provavelmente muito cheios de si.
Ao navegar pela ficha técnica da obra prima máxima de Wilson e dos Beach Boys, o Pet Sounds, nos deparamos com a presença constante de Carol Kaye. Seja nas linhas de baixo mais marcantes do disco, seja em uma guitarra de 12 cordas, Carol está ali, em quase todas as faixas do disco. Brian, que também era baixista, parece ter construído a espinha dorsal de sua obra a partir do baixo. Ora dobrando-o, ora colocando o fender jazz bass de Carol em sintonia com contrabaixos e linhas adicionais. O baixo foi, enfim, o instrumento elementar daquele que é até hoje, ao menos para mim, o melhor disco da história da música mundial.
As múltiplas camadas de instrumentos, meticulosamente articuladas, me espantam a cada vez que ouço o disco. E é muito bom saber que Carol Kaye, uma dessas musicistas esquecidas pela história, reivindica sua participação na obra de forma tão nítida e, literalmente, audível.
Por Márcio Viana
VAI, ZÉ!
No último dia de agosto, a música perdeu Zé Flávio. Talvez dito assim, não seja tão fácil de se lembrar de quem se trata, mas é possível ter algumas pistas ouvindo a canção Deu pra Ti, dos irmãos gaúchos Kleiton e Kledir, já que se ouve um “vai, Zé!” antes de iniciar o solo de guitarra, aos três minutos da canção.
José Flávio Alberton de Oliveira, guitarrista gaúcho, fez parte dos Almôndegas, banda seminal do rock gaúcho dos anos 70, junto com Kleiton Ramil, Kledir Ramil, Gilnei Silveira, João Baptista e Quico Castro Neves. No primeiro disco do grupo, Zé Flávio foi autor de clássicos como Canção da Meia-Noite e Sombra Fresca e Rock do Quintal.
Após a separação dos Almôndegas, o guitarrista continuou colaborando com os irmãos Ramil. Também tocou em bandas como Bixo da Seda e O Peso, além da banda de covers Os Totais.
Zé Flávio e os outros integrantes originais dos Almôndegas se reuniram para shows no início deste ano, e havia outras apresentações marcadas para o final do ano.
O guitarrista faleceu em decorrência de um câncer recém-descoberto.
Por Bruno Leo Ribeiro
ANDANDO ATÉ O SOL
Nesse domingo saiu a notícia que o vocalista da banda Smash Mouth, Steve Harwell, supostamente tem apenas alguns dias de vida depois de sofrer com insuficiência hepática.
O empresário da banda disse ao TMZ que o cantor está sob cuidados paliativos e que sua família e amigos se reuniram para se despedir. Não se espera que ele sobreviva além da próxima semana.
Steve ajudou a fundar o Smash Mouth em 1994. A banda teve um sucesso com dois super hits “Walkin ‘on the Sun” e “All Star” . “All-Star” e o cover que a banda fez de “I’m a Believer” (dos The Monkees) foram destaque no primeiro filme do Shrek.
Apesar de ser uma banda que nunca fui muito fã, a música “Pacific Coast Party” é uma das canções favoritas da vida. Essa notícia do Steve me pegou de jeito. Um cara que sempre vou ter aquela imagem de ser divertido, fazendo músicas cheia de molecagem e irreverência. Uma pena que ele está se despedindo de nós.
Ele acabou saindo do Smash Mouth em outubro de 2021 por causa de problemas de saúde.
Agora é esperar que ele tenha uma passagem com paz ao lado dos seus e que ele caminhe até o sol e fique imortalizado com tantos hits que ele nos deu.
Por Brunno Lopez
QUANTO TEMPO A GENTE LEVA PRA TIRAR UMA MÚSICA DO AVENGED SEVENFOLD NA BATERA?
O Cobus é um baterista que cresceu no Youtube fazendo suas interpretações de diversas canções em seu instrumento favorito. Até aí, nenhuma novidade. Existem milhões de canais iguais fazendo a mesma coisa com qualidade igual ou superior.
Mas aqui, apesar de ser um vídeo de propaganda paga do Hit’n’Mix – um app que isola a bateria das músicas – é muito interessante perceber a forma que ele aprende os fills e os adapta para a sua forma de tocar.
Sabemos que as notas do Avenged na batera não são simples. Cobus elucida esse universo e faz um papel educativo e divertido ao mesmo tempo.
Poderia tirar de ouvido? Sim.
Mas isso não pagaria as contas do músico.
Assista aqui
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana