A newsletter desta semana é especial apenas com clássicos que se destacam na discoteca dos nossos colaboradores. Muita coisa velha, outras nem tanto, mas sempre com algo em comum: aquele “gostinho” de clássico. Discos que não saem da nossa cabeça e dos nossos corações, independente da época em que foram lançados!
IT’S A CLASSIC
Por Bruno Leo Ribeiro
CLÁSSICOS DOS ÚLTIMOS 25 ANOS
Pegaram os 200 “melhores álbuns” dos últimos 25 anos, selecionados pela Pitchfork, e os usuários do Twitter fizeram a sua Tier List e no final das contas a média ficou assim: ⬇️
A parte de cima da lista é basicamente Radiohead e Kayne West. E quando você olha pra parte de “como que isso veio parar aqui?” eu me sinto pessoalmente atacado e ofendido. Solange, Air, Madonna, Beck, PJ Harvey e Joanna Newson, pra citar alguns, a galera nem dá bola. Lauryn Hill e Mitski completamente subestimadas.
Só queria jogar essa imagem na Newsletter dessa semana pra eu não dar gargalhada sozinho. Dessa lista de 200 discos, pelo menos 100 deles eu acho fundamental dar uma conferida. E tenho certeza que todos vocês fariam um Tier List bem melhor que esse aí.
Por Vinícius Cabral
01 COMPRIMIDO POR DIA COM 70 MG. DE SPIRITUALIZED
Recentemente, falamos em nosso podcast dos álbuns de 1997. A absoluta hegemonia crítica, beirando o consenso, que coroa OK Computer como o melhor disco deste ano deveria ser, no mínimo, controversa. Simplesmente porque este é o ano de Homogenic, de Björk, de I Can Hear The Heart Beating as One, de Yo La Tengo, e deste perfeito Ladies And Gentlemen We Are Floating In Space, de Spiritualized.
Formada em 1990 após a dissolução do Spacemen 3 por um de seus integrantes, Jason Peirce (J. Spaceman), a banda levou a outros patamares a proposta de loops em drone já bem desenvolvida em seu projeto anterior. Nesta bomba de 1997, Jason Peirce incorpora aos drones de Spacemen 3 melodias angelicais, que já dão as caras na faixa-título, abrindo o trabalho. Um fade lento nos apresenta uma tocante melodia em acordes decrescentes, que se repete do início ao fim da música, enquanto os vocais se intercalam em melodias diferentes, sobrepostas. Cada camada da canção nos leva para novos lugares, conduzida por novos versos. Um maravilhoso e particular exemplo de uma espécie de “dialética da repetição”; é um loop, mas não é um loop.
Jason é o mestre da arte do loop que não se mantém intacto. Mesmo quando repete eternamente a mesma base harmônica, como em I Think I’m In Love, ou em Cop Shoot Cop, o artista cria camadas de elementos diferentes, que levam as canções a outros lugares, enquanto a base permanece a mesma. Como se não bastasse trazer nesta obra a perfeição de um modelo estético rascunhado em sua primeira banda, J. Spaceman traz neste álbum também algumas pedradas roqueiras que colocam qualquer banda de britpop à época no chinelo. Casos de Come Together e Electricity, as canções mais tipicamente enérgicas do disco.
Trata-se de um disco conceitual, à “moda antiga” para os parâmetros de 1997, mas que parece querer renovar o formato. Como nos clássicos de 30 anos antes, J. Spaceman cria neste disco uma narrativa de canções “emendadas”, que se complementam e nos trazem um panorama afetivo, crítico e político espetacular. Uma tradução precisa da visão de um artista fora da curva. Jason criou uma moldura neste álbum que segue sendo explorada nos discos da banda (inclusive no recente Everything Was Beautiful, do ano passado) que, apesar de hoje já soar bastante repetitiva para quem já conhece a obra de Jason a décadas, pode soar totalmente alienígena para quem nunca ouviu nada do artista.
Para estes, eu obviamente recomendo uma dosagem alta de Ladies And Gentlemen We Are Floating In Space. Um dos melhores álbuns da carreira de Jason Peirce, da década de 90 e, certamente, do ano de 1997.
Ouça Ladies And Gentlemen We Are Floating In Space aqui
Por Márcio Viana
INSTANT KARMA IS GONNA GET YOU
Jorge Amiden foi o fundador da banda O Terço, originalmente com ele na guitarra, Sérgio Hinds no baixo e Vinícius Cantuária na bateria. Após sua saída e algumas mudanças, com Hinds passando para a guitarra e seguindo por diversas formações ao longo dos anos, a banda segue até os dias atuais.
Já Amiden, além de colaborações com Erasmo Carlos e Milton Nascimento, montou outro power trio, o Karma. E bota power nisso: o guitarrista levou para a banda sua “tritarra”, uma guitarra de três braços.
Com o Karma completado por Luiz Junior (violão e vocal) e Alen Terra (baixo e vocal), o guitarrista lançou o álbum homônimo do trio, em 1972.
Em suas dez faixas, o Karma passeia pelo rock rural e psicodélico, em canções inspiradas como Você Pode ir Além, Tributo ao Sorriso ou Venha Pisar na Grama.
Um detalhe relevante é que os arranjos de cordas e metais do disco são assinados pelo maestro Arthur Verocai, artista ainda hoje bastante incensado.
Por Brunno Lopez
ANJOS CHORANDO (COM RAZÃO)
O nobre apoiador Rafael Cordeiro, em nosso adorável grupo de WPP do SNE, trouxe a informação importantíssima da iminência do aniversário de 30 anos do lançamento deste que é um dos álbuns mais absurdos e indispensáveis do heavy metal tupiniquim.
Angels Cry foi um abrir de asas gigantesco para todas as outras bandas do gênero que viriam a se arriscar na estrada do gênero no país.
Fato é que tal lembrança é ainda mais conveniente pelo recém-lançado novo single da banda, que, em seu clipe, traz uma referência lindamente poética ao anjo da capa e seu eventual ressurgimento. Ora, se tem uma coisa o grupo fez foi seguir os conselhos de ‘Carry On’ e continuar em frente, independente do ‘Time’. Tem coisas que a gente ‘Never Understand’, porém, acreditamos que será possível andar nas ‘Streets of Tomorrow’.
E foi. Tanto que, dez anos depois, o disco segue com faixas ainda sendo executadas pelos integrantes que fazem o Angra atualmente. O álbum de 1993 é a razão do nome se manter, mesmo que a voz de André não esteja mais no palco.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana