21 de Julho de 2019
Bom dia, boa tarde, boa noite”, queridos ouvintes (e agora leitores) do Silêncio no Estúdio! Chegamos à segunda edição da nossa newsletter quinzenal, que pretende lançar um olhar diferente para notícias da música e, é claro, trazer dicas escolhidas a dedo pelo nosso “time”
CURTINHAS
O AMOR, O SORRISO E A FLOR
O mundo perdeu, no dia 6 de Julho passado, um dos maiores gênios da história da música, o brasileiro João Gilberto. Foi decretado luto no Silêncio no Estúdio (e no país) e, só o que podemos dizer, por ora, é que sua voz e seu violão seguirão soando como uma orquestra completa, nos ouvidos de gerações e gerações. Vá em paz, Joãozinho.
#JUSTICEFORROCKY
O Rapper A$AP Rocky está preso na Suécia, aguardando julgamento por lesões corporais graves. A história, bastante esquisita, diga-se, começa quando uma dupla de jovens começa a perseguir A$AP e sua crew pelas ruas de Estocolmo. Em um vídeo postado no IGTV do artista, é possível observar a cena bizarra. Em um dado momento, A$AP fala para a câmera (em tradução livre): “prestem atenção nesses caras…eles tão perseguindo a gente e nós não queremos confusão”. Mas foi inevitável. Em outro vídeo, postado no YouTube mas já retirado, registrou-se a conclusão da história. Por algum gatilho ainda não revelado, o segurança do grupo de A$AP começa a agredir os perseguidores. O resultado é que A$AP está encarcerado, assim como tantos outros artistas negros ao redor do mundo (inclusive no Brasil), e ainda não sabemos as motivações dos rapazes que perseguiam o artista. Certamente não eram fãs. No fim das contas, o que se pode esperar desse caso é que se faça justiça (conceito cada vez mais nebuloso nos dias de hoje).
ANDRÉ MATOS E O “DIA DO METAL”
A prefeitura de São Paulo irá instituir, através de decreto, O Dia Municipal do Metal. A data será comemorada aos dias 8 de Junho, dia que marca a passagem de um dos maiores ídolos do gênero, no Brasil e no mundo. A trágica e precoce morte do artista serviu para que um abaixo assinado fosse mobilizado para a decretação da data comemorativa. Ainda não há notícias sólidas de que a iniciativa poderá se espalhar por outros estados (ou mesmo pelo Governo Federal), mas fica a inspiração para que nossos artistas sejam valorizados e lembrados, seja em datas oficiais, seja em eventos e/ou homenagens permanentes. Nós, aqui do Silêncio no Estúdio, desejamos longa vida à memória e ao legado deste gigante da música.
R. KELLY: CANCELA OU CANCELA?
Outro que está preso, e este por acusações gravíssimas, é o cantor R. Kelly. Procuradores Federais americanos acusaram o cantor na sexta feira, 12 de Julho, de sequestrar mulheres e meninas para praticar sexo e de mantê-las à força comprando seu silêncio pelos últimos 20 anos. Não é a primeira vez que o cantor é acusado. Em 2008, ele enfrentou alegações de pornografia infantil, mas foi absolvido. Não é nosso papel, como comunicadores, julgar ninguém, mas diante da recorrência e gravidade das acusações, fica a mesma esperança diante do caso de A$AP: que se faça justiça.
TOCADOS RECENTEMENTE
Bruno Leo Ribeiro
Ando escutando em Loop infinito o novo disco do The Boss, Bruce Springsteen chamado “Western Stars”. É um disco calmo, bonito, simples e na medida. O “Chefe” ainda está com tudo nos seus 69 anos. Esse é “apenas” o 19° disco desse gigante do Rock. Destaco a música de abertura, “Hitch Hikin’” e a linda “Sleepy Joe’s Café”. Não quero dar muita pista, mas é bem capaz desse disco entrar na minha lista de melhores discos de 2019. É um disco que acalma, anima, desses pra se ouvir debaixo de um cobertor quentinho e pensando em como a vida pode ser boa, mesmo com tanta coisa estranha acontecendo. Ouça e viage.
Vinicius Cabral (aka Cosmic Muffin)
Quem já me conhece dos episódios do Silêncio no Estúdio sabe que sou um pouco obsessivo com as descobertas e pesquisas musicais. Pois bem, já comecei outra imersão absurda depois da do Britpop, mas manterei o segredinho o máximo possível. Diante desse “desvio”, sigo um pouco desligado dos lançamentos recentes, mas não poderia deixar de recomendar o novo fenômeno do Rock Alternativo de 2019: Black Midi, com o álbum Schlagenheim. Há também uma apresentação no YouTube da banda para a rádio KEXP, que precedeu o lançamento do álbum e introduziu o grupo ao mundo, deixando muitos queixos caídos. Por essas e outras, fica a dica: Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi, Black Midi.
Brunno Lopez
Bom, todos aqui sabem que eu costumo ouvir bandas que ninguém conhece – ou pelo menos deveriam urgentemente conhecer – só que essa semana eu decidi refazer uma experiência que me agrada efusivamente: Ouvir o que bandas pop/rock de anos atrás estão fazendo nos dias de hoje.
O resultado veio em dose dupla com bons singles de duas bandas bem conhecidas por aqui.
De Smallville para o mundo, temos o Lifehouse, uma banda que teve notoriedade embalando Clark e Lana Lane, apareceu com um trabalho agradável nos meus fones de ouvido atuais. O disco de 2012 chamado “Almeria” traz duas canções primorosas: A balada extasiante “Lady Day”, deliciosa pra escutar pensando no crush e a ótima e grudenta “Pins & Needles”, com uma pegada meio Beatles visitando a contemporaneidade.
Em seguida, o passado me trouxe o Hoobastank, um grupo que teve sua dinamite baseada na baladinha “The Reason” e fez a alegria dos bailes adolescentes de conexão discada em 2003.
Felizmente, no ano passado as coisas mudaram positivamente e os meninos da Califórnia lançaram o “Push Pull”. Meu destaque fica para a chiclete “Better Left Unsaid”, gostosa de ouvir e perfeita pra enjoar.
Ah, eu tinha falado 2 bandas, né? Mas espera! Depois que gravamos o episódio Artista X Pessoa, tanto o Bruno Léo Ribeiro quanto a convidada Gabe falaram do último disco do Bruce Springsteen. Eu acabei dando aquele play de confiança e fiquei num loop preocupantemente bom de “Sleepy Joe’s Café”.
Márcio Viana
No episódio #14 do Silêncio no Estúdio, o entrevistado André Kassu disse que se havia algo bom a se tirar da situação política do país, é que propiciaria o aumento da produção de músicas de protesto. Apesar de não ser exatamente um disco de protesto, minha dica musical é um produto destes nossos tempos severos.
Um dos álbuns que têm feito minha cabeça foi lançado em abril deste ano, o genial Não há abismo em que o Brasil caiba, de ninguém menos que Jorge Mautner. Acompanhado no disco e nos shows pela banda Tono, formada por Bem Gil na guitarra, Rafael na bateria e percussão, Bruno no baixo e sintetizador, e Ana Lomelino (Mãeana) nos vocais, Mautner vai, ao longo das 14 faixas, usando todo o seu talento de contador de histórias para escrever uma crônica sobre o Brasil atual. O destaque, como não poderia deixar de ser, é Marielle Franco, mas vale conferir também a riqueza lírica de faixas como O Diabo, Bang Bang e Catulina.
Ainda bem que existe Jorge Mautner!
IT’S A CLASSIC!
Bruno Leo Ribeiro
Já que falei do que estou escutando recentemente com o Bruce Springsteen, acabei me inspirando pra ouvir as coisas mais clássicas dele e com certeza o Born In The U.S.A é um clássico da música mundial. Lançado em 1984, tem aquela sonoridade dos anos 80 com a bateria cheia de reverb e guitarras cheias de delay, mas é um rock cru, simples e que fez o Bruce ser visto como pop, mas como um roqueiro antigo. Foi uma mistura perfeita entre o mainstreaming e o orgulho do rock americano. Ele que já era conhecido e grande, com esse disco, quase republicano, fez o The Boss, ser admirado por todos. Um discão que merece ser escutado com uma calça jeans apertada e dançando sem parar.
Vinicius Cabral (aka Cosmic Muffin)
Dica simples e matadora: Antônio Carlos Jobim – Stone Flower. É o quinto disco de estúdio do maestro e compositor, e um dos mais arrojados e ousados do período que compreende a Bossa Nova. Gravado e lançado em 1970 nos EUA, Stone Flower é daquelas obras que definem (e redefinem) toda uma identidade cultural. Digno de “pedradas” inesquecíveis, como Thereza my Love, Chilldren’s Games (Chovendo na Roseira) e Sabiá, o disco também traz uma versão absolutamente épica, de mais de 9 minutos, do clássico de Ary Barroso Aquarela do Brasil, aqui batizada, simplesmente, como Brazil. Vale também um “salve” para a maravilhosa capa do álbum, que traz o maestro em silhueta tragando um cigarro em um clique antológico do fotógrafo Pete Turner. Uma das obras primas da música brasileira que, infelizmente, anda um pouco esquecida.
Brunno Lopez
O que dizer do disco que tem uma balada perfeita, com linhas de composição crescentes e viciantes, desbocando num refrão hipnotizante e atemporal?
Sim, estou me referindo a “We Are One”, presente no excelente disco Psycho Circus, do Kiss.
Apesar de eu já ter uma grande devoção pela banda lá no Alive III, este álbum é um dos meus favoritos for life. Lembro-me de escutar “Raise Your Glasses” antes de ir pra escola e enfrentar as primeiras aulas de Matemática.
Vale lembrar que o disco marcava a volta de Ace e Peter Cris à banda. E apesar do Paul Stanley alegar anos depois que foi a pior coisa que ele e Simmons tenham feito, eu gosto demais do resultado. E pelo visto não só eu, pois Psycho Circus foi disco de ouro e ficou em 3º lugar da Bilboard americana.
Ouçam “Dreamin”, BEM ACORDADOS e me agradeçam depois.
HORA DO COVER
Covers são minhas obsessões musicais e não poderia inaugurar esta seção sem a presença de um clássico: a versão do norueguês Jorn Lande para a canção do Journey “Don’t Stop Believin”.
Presente no disco Heavy Rock Radio, a interpretação do ex-vocalista do Masterplan é primorosa e claro, MELHOR QUE A ORIGINAL.
Vale o seu play e se tiverem uma opinião diferente, me cobrem.
Márcio Viana
Um dos meus discos da vida, responsável inclusive por ter me feito estudar para ser um baixista razoável, é este Cure for Pain, do trio de Cambridge, Massachusetts, o Morphine. Formado pelo saudoso Mark Sandman, Dana Colley e Billy Conway (depois substituído por Jerome Deupree), o grupo possuía uma característica heterogênea: Sandman comandava a banda com seus vocais graves e o baixo tocado com apenas duas cordas. Colley garantia às músicas alto teor de emoção com seu sax barítono, e os bateristas (Conway e depois Deupree) também inovavam na parte rítmica, dando um certo peso ao jazz praticado pela banda. Sim, você leu certo: a banda não tinha um guitarrista (eventualmente Sandman explorava o uso do instrumento, naturalmente de forma não convencional).
Cure for Pain é o segundo disco do Morphine, e é daqueles de se ouvir sem pular faixas. Buena fez razoável sucesso no meio indie, neste disco lançado em 1993, que a gravadora Trama trouxe ao Brasil junto com outros do grupo.
Destaco também A Head With Wings, um jazz-blues bastante agradável, e a ligeira Mary want you call my name?.
O Morphine durou até 2000, quando ocorreu o falecimento de Mark Sandman por infarto fulminante. Os membros remanescentes acabaram por juntar-se à guitarrista e cantora Laurie Sargent em um grupo chamado Twinemen, e posteriormente formaram com Jeremy Lions o Vapors of Morphine, dedicando-se a reproduzir o repertório da banda original, além de repertório próprio.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana