5 de Agosto de 2019
“Bom dia, boa tarde, boa noite”, queridos ouvintes (e agora leitores) do Silêncio no Estúdio! Chegamos à terceira edição da nossa newsletter quinzenal, que pretende lançar um olhar diferente para notícias da música e, é claro, trazer dicas escolhidas a dedo pelo nosso “time”. Semana passada lançamos o episódio polêmico debatendo se dá pra separar o artista da pessoa. E nessa semana lançaremos o segundo Pelo Gravador com a participação de convidados especiais. Perguntamos dessa vez, “Qual disco que você levaria para o espaço?”, e as respostas foram ótimas, não perca. Nessa quarta-feira. 🙂
CURTINHAS
É PLÁGIO OU NÃO?
Katy Perry foi declarada culpada de plágio em um tribunal de Los Angeles. A cantora, seus co-compositores e produtores terão que pagar 2,78 milhões de dólares pela música “Dark Horse”, acusada de plágio da faixa “Joyful Noise” do rapper cristão Flame.
O processo foi iniciado por Flame em 2014, alegando que “Dark Horse” se utiliza da mesma batida. No julgamento, Perry alegou nunca ter ouvido a música antes.
A gravadora da cantora, Capitol Records, também foi considerada culpada no julgamento, junto à compositora Sarah Hudson, o rapper Juicy J, e os produtores Dr. Luke, Max Martin e Cirkut. A faixa, presente no álbum Prism, foi lançada em 2013 e foi indicada ao Grammy por melhor performance de duo.
#JUSTICEFORROCKY
Como comentamos na newsletter passada A$AP Rocky foi preso na Suécia, mas isso finalmente acabou! O rapper saiu da prisão onde estava em custódia há mais de um mês. O julgamento do artista americano aconteceu essa semana em Estolcomo e durou três dias. A sentença, no entanto, só será revelada em algumas semanas, mas o artista não precisará ficar mais detido no país.
O advogado do rapper disse a um tribunal de Estocolmo que seu cliente deve ser absolvido no julgamento por uma briga de rua que chamou a atenção do presidente americano Donald Trump e levou fãs a pedirem um boicote de marcas suecas como IKEA por exemplo. Vamos aguardar a sentença.
FUNKEIROS INTIMADOS
Alguns dos nomes citados no nosso episódio de Funk 150BPM, os funkeiros Iasmin Turbininha e Polyvox foram intimados nesta semana a prestarem depoimentos à polícia do Rio de Janeiro. As intimações, assinadas pelo delegado Flávio Almeida Narcizo, foram emitidas na última terça-feira (23). Nos dois casos, não foram revelados os motivos pelos quais eles estão sendo chamados a depor. Também não ficou claro se eles foram convocados como testemunhas ou se estão sendo acusados de alguma infração. Aguardamos mais detalhes, curiosos e apreensivos.
SPOTIFY AJUDANDO PODCASTERS
O Spotify divulgou na última quarta-feira, 31, seu relatório de resultados relativo ao segundo trimestre de 2019. A plataforma dobrou sua audiência de podcasts nos últimos três meses, período no qual registrou mais de 30 mil novos podcasts na plataforma globalmente. A plataforma também conquistou 25 milhões de assinantes desde o mesmo período do ano passado, atingindo um volume total de 108 milhões de assinantes. O número de usuários ativos mensais chegou a 232 milhões, considerando usuários da versão gratuita do aplicativo. O investimento da plataforma em sua interface para dar mais destaque para os podcasts com certeza ajudou a aumentar esse número.
TOCADOS RECENTEMENTE
Bruno Leo Ribeiro
Finalmente como prometido, o Tool colocou suas músicas nos Streamings. Depois de muita resistência, agora podemos apreciar esses gênios do rock progressivo em todas as plataformas. É claro que por causa disso, passei os últimos dias repassando toda a discografia da banda. Mas destaco mesmo o disco Undertow de 1993 que tem a produção da incrível e maravilhosa Sylvia Massy com todo seu processo não acadêmico de produção. Valeu demais a espera.
Vinicius Cabral (aka Cosmic Muffin)
O que não sai do play do Spotify (ultimamente meio parado, confesso) é o álbum novo do rapper texano Maxo Kream, chamado Brandon Banks. O título faz referência ao codinome utilizado pelo pai do artista no crime. Também envolvido previamente em querelas criminais, Maxo lançou seu primeiro álbum em 2018. No sophomore Brandon Banks, o rapper segue a linha dos beats “secos” de trap com flows dinâmicos, rápidos e agressivos, com letras que relatam situações de infância e intempéries vividas pela comunidade negra nos Estados Unidos. Autobiográfico, honesto e direto ao ponto, Brandon Banks mostra maturidade e sabedoria incríveis para um segundo álbum, com instrumentais que bebem de diferentes referências do trap dos últimos anos, somados a samplers meticulosamente escolhidos. Discáço que, pra mim, já é o melhor álbum de hip hip americano de 2019.
Brunno Lopez
Vários singles interessantes estão se alternando nos meus fones de ouvido, porém, exatamente a última coisa que escutei foi o novo single do Fastball, The Help Machine (Aliás, quem me passou essa dica valiosa foi meu companheiro de podcast, o Márcio Viana). Na primeira vez que escutei, tinha achado apenas ok, mas da segunda audição em diante, a experiência se torna deliciosa. O álbum homônimo será lançado no dia 18 de outubro e não estranhem se ele entrar automaticamente para a minha lista de Melhores de 2019!
Já falamos sobre eles no episódio de Artistas Subestimados e nunca é demais recomendar o trabalho desses caras de Austin. Não fiquem apenas no hit “The Way”, eles são muito mais do que isso!
Márcio Viana
Em comemoração aos 25 anos do lançamento de Parklife, o Blur colocou no mercado um vinil de 10 polegadas com 4 músicas gravadas ao vivo nos estúdios da BBC de Londres. As quatro faixas: Girls and Boys, Jubilee, Trouble in the Message Centre e Lot 105 são todas versões cujos originais fazem parte do álbum de 1994, e foram gravadas no mesmo ano nos lendários estúdios da rádio britânica. Apesar de não apresentar muita ruptura com os arranjos originais, o registro mostra a banda em excelente forma, com destaque para o baixo de Alex James, com ótimos timbres.
O EP está disponível nas plataformas de streaming, e vale conferir.
IT’S A CLASSIC!
Bruno Leo Ribeiro
Esses dias no Twitter uma amiga perguntou qual era a melhor música do Black Sabbath e porque era Paranoid. Apesar de ser realmente um hino, a minha música favorita deles é Children of the Grave, do meu disco favorito deles que não é o Paranoid. Meu disco favorito do Black Sabbath é o Master Of Reality. Além de começar com Sweet Leaf (Que aqui vai uma trívia: em 1999 eu peguei um ônibus de excursão para assistir o show do Metallica em São Paulo saindo de Brasília e o ônibus acabou capotando no meio da viagem e no momento que o ônibus capotou, estava tocando Sweet Leaf. Não me esqueço mais. Hahahahaha). O disco ainda fecha com Into The Void que é uma paulada.
Vinicius Cabral (aka Cosmic Muffin)
Há muito (muito mesmo) a ser dito sobre esse álbum, mas tentarei ficar no essencial. Lançado em 1996, Afrociberdelia, segundo e último álbum de Chico Science & Nação Zumbi (antes da precoce e trágica morte do poeta, letrista e crooner Chico Science), consolidava o grupo como a maior e mais inovadora iniciativa musical do Brasil em décadas. Numa ousada mistura do tradicional maracatu pernambucano com beats eletrônicos, trip hop e o rock das guitarras revolucionárias de Lúcio Maia (uma cruza inusitada entre Prince, Tom Morello e Nile Rodgers, adicionando um típico e inconfundível wah wah), a Nação Zumbi fazia a cama para o gênio de Chico. O cantor misturava, por sua vez, a energia do repente com entoações melódicas graves, acenos ao pós punk e ao hip hop, e letras altamente conectadas ao imaginário nordestino e brasileiro de maneira geral, olhando para nossas questões sociais com poesia e crítica. Uma “salada” inusitada, daquelas que só dão certo uma vez. Em Afrociberdelia a estética do grupo, ensaiada no álbum de estreia Da lama ao caos, é consagrada com maturidade, ousadia e um espírito inventivo pouco antes visto (antes e depois, infelizmente). Um álbum que merece inúmeras reaudições, revisões, celebrações. Neste pequeno espaço que me cabe, fica a dica e a ideia para propor um espaço maior de reflexão sobre o legado de Chico Science (e do mangue beat como um todo).
Brunno Lopez
O formato acústico virou uma pequena e problemática febre anos atrás. Milhares de bandas investiram em discos com a pegada ‘ desplugada’ e grande parte soou preguiçosa e protocolar.
Porém, em 1996, o Firehouse presenteou o planeta com o ótimo Good Acoustics. Com três faixas inéditas, sete regravações e um brilhante cover de Seven Bridges Road, do Eagles, este é um dos melhores registros da banda no estilo Hard Rock Unplugged.
Todas as músicas soam como hits viciantes, embalados pela voz marcante de C.J Snare.
É ouvir e automaticamente colocar na sua listinha de favoritos for life.
Márcio Viana
O ano era 1994, e o mundo vivia a expectativa de saber o que seria do grunge com o fim de seu maior expoente, o Nirvana. Foi no final do ano que chegou parte da resposta, com o álbum Vitalogy, o terceiro do Pearl Jam.
Com encarte reproduzindo os velhos almanaques e toda a sua sabedoria popular, o disco chegou com uma sonoridade visceral, muito influenciado pelo punk rock e pelo rock clássico dos anos 70.
O início, com Last Exit, até sugere alguma influência de rock progressivo, mas logo entra a bateria de Dave Abbruzzese (que seria demitido durante as sessões e substituído por Jack Irons) e o som pesado predomina.
A banda, assim como no álbum anterior, Vs, decidiu não fazer clipes para as músicas de Vitalogy, uma ousadia para os tempos em que a MTV vivia seu auge.
Os destaques ficam para Corduroy, Nothingman, Not For You e Betterman, maior sucesso do disco.
Mesmo com o isolamento (além da falta de clipes, a banda não excursionou pelos EUA), o álbum vendeu 5 milhões de cópias.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas dessa quizena.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana