Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 17

18  de Novembro  de 2019


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.  


RECENT PLAYS

Bruno Leo Ribeiro

ONOMATOPEIA MUSICAL
Como vocês já devem saber, nessa quarta-feira vai pro ar nosso episódio Especial do Bon Jovi, mas lá em baixo nessa newsletter maravilhoooosa, tem uma dica incrível do meu xará Brunno Lopez, então vou dar uma dica aqui de um outro episódio que estamos preparando para a semana que vem que gravei com o guitarrista Gabriel Laso, que lança seu primeiro CD na semana que vem e já até dei essa dica aqui do seu segundo single. 

O episódio que gravei com ele é sobre o debate se o tal do “Djent” é um gênero ou apenas uma onomatopeia da sonoridade que as guitarras desse metal moderno faz. Montamos uma playlist bem bacana pra você curtir e tentar entender e talvez até gostar desse metal moderno (djent). Um das bandas que falamos bastante no episódio é o Periphery, que esse ano lançou um disco sensacional chamado Periphery IV: HAIL STAN.

O disco abre com uma paulada na cara de 16 minutos do melhor que esse metal progressivo moderno pode ter. Tem velocidade, melodias, quebradas e riffs djent de guitarra. 

A produção e sonoridade do disco nem tem o que falar. É perfeita. O disco segue entre diferentes nuances do metal progressivo, entregando uma obra sensacional com o melhor que o Periphery já fez até hoje nessa curta carreira de 10 anos. 

Então vá entrando no clima do Djent e se prepare para o episódio da semana que vem. Você pode até não gostar do som desse metal progressivo moderno, mas certamente vai entender melhor de onde veio, onde está e principalmente pra onde vai. E um ótimo caminho pra saber pra onde esse gênero vai, é ouvindo o disco de 2019 do Periphery. E vamos bater cabeça pra começar a segunda feira com energia.

Ouça o Periphery IV: HAIL STAN aqui


Vinícius Cabral

UM SALVE PARA AS MINAS DO NOVO ROCK ALTERNATIVO

Difícil não dar spoilers dos melhores do ano, em um momento em que meus Recent Plays denunciam totalmente o que estou ouvindo (e reouvindo) de 2019, certamente um dos melhores anos para a música desta década que chega ao fim. Mas vou tentar!

Pra começar, posso indicar a preciosidade do single Mother, da banda Big Thief, já elogiadíssima por mim aqui neste espaço. A música foi gravada no programa Shaking Through, que produz documentários sobre gravação e produção musical. Na ocasião, a banda se junta a um produtor e aos engenheiros de som para tirar do papel uma das maiores e mais belas composições de Adrienne Lenker (que está se revelando, ao menos para mim, a maior compositora da atualidade). De uma só vez podemos, nos vídeos que linko abaixo, conferir a perfeição da canção tocada voz e violão por Lenker, e o processo do desafio-gravação. O vídeo comprova minha tese de que Big Thief é uma banda em estado de excelência, com os músicos se complementando de forma absurda em uma química única e rara. O “encaixe” perfeito da banda ao vivo (que talvez influencie em sua aparente objeção a videoclipes) acaba por fazer com que as apresentações live sejam a base da imagem que a banda projeta. Em seu canal de YouTube há praticamente só vídeos de apresentações em rádios, festivais e em performances fora dos padrões tradicionais (como na do projeto Shaking Through). Um deleite para quem gosta de assistir bandas ao vivo, e um movimento totalmente na contramão das tendências atuais, super focadas na produção de videoclipes caros e luxuosos que veiculem o conceito das bandas e artistas através de narrativas elaboradas e produções magníficas. Big Thief é magnífica simplesmente por ser…uma banda.

Pra não ficar só em um projeto que já indiquei aqui, aproveito pra recomendar duas jovens artistas indie americanas que tem feito minha cabeça com seus primeiros álbuns, ambos lançados em 2018. Snail Mail, com Lush, e Soccer Mommy com Clean. Dois discos singelos, honestos e surpreendentes de artistas muito novas dedicadas a resgatar um indie rock autobiográfico, lofi, sucinto e, ainda bem, super elaborado. Linko também, abaixo, clipes marcantes das duas artistas.

Veja o processo de gravação da música “Mother”, de Big Thief

Veja Performance solo de Adrienne Lenker da mesma música 

Assista o clipe de “Cool”, de Soccer Mommy 

Assista o clipe de “Heat Wave”, de Snail Mail 


Márcio Viana

AFINAL O QUE É ROCK AND ROLL?
Voltei a ouvir rádio no meu dia a dia. Inicialmente eu vinha ouvindo as emissoras de notícias – as mais sérias, para evitar o mundo cão -, mas 2019 tem sido um ano em que a realidade nos dá enjôo, então optei nos últimos meses por me alienar um pouco. Livre de algumas amarras que eu tinha no passado, onde só me era permitido ouvir rádios com programação mais pop e palatável, preferi voltar a escutar emissoras com programação voltada ao rock.

Foi numa dessas audições que eu me deparei com um veterano do BRock, o gaúcho Humberto Gessinger, já em sua carreira-solo livre do nome Engenheiros do Hawaii, em uma vinheta exclusiva para a rádio em questão, anunciando sua própria música: Alô, aqui é Humberto Gessinger, e essa é minha nova música , ‘Bem a Fim’, aqui na 89FM, a rádio-rock. Aí entra a música, e é uma balada ao violão, baixo acústico e acordeon, num ritmo que não faria feio em um programa como Viola Minha Viola ou Sr. Brasil. Pode ter sido involuntário, deve ser realmente involuntário, mas que genial! Anunciar numa rádio de rock como música “de trabalho” (ainda existe?) uma canção nada rock. Bem, o rock até passa por ali de raspão: a letra em determinado momento diz que a highway to hell faz a curva e vai pro céu, numa referência ao AC/DC.

Bem a Fim faz parte do novo álbum de Gessinger, Não Vejo a Hora, que é realmente um disco irregular, que aparenta mesmo ter sido gravado às pressas, por quem não via a hora de lançá-lo. Deve haver algum mérito nisso, sobretudo em algumas faixas em que o cantor revela um pouco mais de suas influências. Há referências a Pink Floyd, Raul Seixas, Legião Urbana, um solo a la Mark Knopfler aqui e ali, e no fim das contas o saldo até é positivo, mas não garante um lugar para o álbum nos melhores do ano, nem mesmo nos melhores dele próprio. Ainda assim, Bem a Fim é uma boa canção pop, vale a ouvida.

Outro artista que tenho ouvido bastante é o paulistano Pélico, que lançou recentemente seu quarto álbum, Quem me Viu, Quem me Vê, em que dá sequência ao seu disco anterior, Euforia, e mergulha ainda mais no lirismo romântico, dessa vez em parceria com nomes como Negro Léo, em Descaradamente e Teago Oliveira, do Maglore, na faixa-título. As letras têm versos muito inspirados, e esse disco sim tem chances de figurar em listas de melhores do ano. Se você é emotivo, ouça com lenços de papel à mão.

Ouça aqui a música Bem a Fim, de Humberto Gessinger 

Ouça aqui o álbum Quem me viu, quem me vê, do Pélico


Brunno Lopez

O QUE EXISTE APÓS UM SÁBADO A NOITE PRA QUEM SE SENTE COMO UMA SEGUNDA?

Segundo o Bon Jovi – ou que restou dele – a resposta é um domingo de manhã. 

E essa foi uma feliz descoberta numa semana de audição intensiva do grupo de New Jersey. Afinal, um episódio fresquinho sairá na quarta e eu precisava ouvir atentamente o extenso material deles.

Poderia indicar aqui praticamente todos os B-Sides e canções menos prestigiadas da discografia mas preferi compartilhar a surpresa que encontrei num disco que já havia escutado antes e me decepcionado com sucesso.

Falo de Burning Bridges, um material contestadíssimo e propositalmente esquecido pela própria banda. Um verdadeiro catado de músicas espalhadas sem nenhum critério unicamente para cumprir a obrigação de lançamento do álbum.

Mas enquanto essas pontes se queimam, no meio das labaredas de talento um dia fervilhantes, uma fagulha se desvia do fogo e consegue aquecer os ouvidos desacreditados.
Uma canção que responde ao título lá de cima:

Saturday Night Gave Me Sunday Morning.

E apesar de vocês estarem lendo isso numa segunda de manhã, o sentimento de otimismo é o mesmo. Talvez esse achado seja capaz de melhorar o seu dia assim como melhorou o meu.

Ouça o Burning Bridges aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado das nossas dicas dessa semana.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana