02 de Dezembro de 2019
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças.
LANÇAMENTOS
Bruno Leo Ribeiro
DIRETO PRO INFERNO
Nosso querido cavaleiro das trevas, o senhorzinho chamado Ozzy ainda não parou. Já comentei em uma newsletter passada que ele tá em processo de aposentadoria desde 1995. E não é que além de adiar a despedida dos palcos com turnês infinitas, o nosso querido John Michael “Ozzy” Osbourne, lançou dois singles nas últimas semanas.
O single mais recente é de uma música chamada Straight to Hell. O tempo passa e os temas do nosso querido comedor de morcegos não muda. Uma música bem bacana, que lembra bons momentos da banda na época do lançamento do Black Rain de 2007.
O ano tá acabando e muita coisa foi lançada que gostei, mas muitos em formato de Single ou EP. Talvez essa era das músicas constantes passando na sua Timeline como se fosse um feed do Twitter, um disco completo esteja em baixa, mas tem muita coisa boa vindo por aí.
Conhecendo bem o nicho do Metal, esses singles são apenas uma preparação pro que está por vir. Um disco completo com várias músicas pra gente ouvir do começo até o fim. E os dois singles do Ozzy, mostram que ano que vem, o Ozzy deve vir com um disco honesto, bem produzido e macabro como sempre.
Vamos ouvir o single Straight to Hell e chegar em 2020 imaginando o que vem pra nos alegrar musicalmente.
Ouça aqui o single Straight to Hell
Vinícius Cabral
FKA TWIGS ZEROU 2019…
… e pra mim já chega!
Imaginem (mas com muita imaginação mesmo) uma mutação genético-musical entre Kate Bush, Janet Jackson, Solange, Fiona Apple, Björk e Portishead. Difícil, né? Agora imaginem que, ainda assim, eu não conseguiria nunca, nem com um referencial tão nerd e específico, sequer começar a definir Tahliah Barnett, a compositora, produtora e dançarina por trás de FKA Twigs.
Essa artista, uma verdadeira força da natureza, já havia levantado muitas sobrancelhas quando seu álbum de estreia, LP1, de 2014, foi parar no topo das listas daquele ano. Eu mesmo, em todo o meu caça-hype às vezes inútil, às vezes certeiro, não entendi bem sua proposta à época. Com beats quebrados e um vocal que me remetia (de formas particulares e alternadas) a todas as artistas que eu cito acima, achei FKA uma novidade a ser degustada com certa parcimônia. Já estou muito tarimbado pra ficar exaltando demais artistas em um álbum de estreia. Cabia uma certa precaução e, mesmo reouvindo o álbum no contexto atual, sigo achando que ela foi cabível.
Com MAGDALENE, porém, foda-se (veementemente) qualquer tipo de precaução. Após diversas audições cuidadosas e uma longa imersão sobre a (breve, mas já marcante) carreira da artista, é hora sim de exaltar: o disco praticamente zera o ano, resumindo o fechamento de década de uma maneira incrivelmente única. Com um time de produtores que inclui a própria FKA, Nicolas Jaar, a trans venezuelana Arca, Skrilexx (!!!) e Jack Antonoff (braço direito também de Lana Del Rey em seu último álbum), MAGDALENE traz os crossovers sonoros mais ricos do ano. Enquanto a pegada eletrônica dos beats flerta com uma espécie de New Pop (que tenho destacado muito aqui) da galera da PC Music e de Charlie XCX (entre outras), os temas sentimentais e autobiográficos das letras trazem, assim como em uma penca de outros álbuns dos últimos anos, um conceito feminino, mas por um ponto de vista particular: o da mulher destinada a adotar o papel histórico definido pelo patriarcado. Sim, ela resgata a ideia de Maria Madalena, como figura bíblica importantíssima, interpretada e apresentada pelas sociedades nestes 2019 anos, geralmente, como figura impura ou pecadora. Na verdade, assim como Madalena, esta mulher incrível, diversa e fundamental que é Tahliah, está apenas cumprindo um dos (muitos) papéis históricos que lhe cabem: revelando a falsidade e dureza de um mundo conduzido, planejado e desenhado por homens.
Falsos líderes, celebridades, gênios de marfim. Figuras vazias de um mundo violento, que nos leva a estados de solidão, depressão e isolamento. FKA se pronuncia bem do centro da macroestrutura desse mundo, com seu status de artista “promissora” e seu enorme talento submetidos a escrutínio público em função, também, de seu recente relacionamento com Robert Pattison.
É daí que parte o álbum, no desabafo sobre a angústia que é ter todos os olhos voltados para si (a magnífica faixa de abertura Thousand Eyes). Nas 8 faixas que seguem, a reservada Tahliah nos revela partes de si: Home With You, Sad Day, Mary Magdalene (que escancara a ideia do disco). Um conjunto impecável de canções autorais e viscerais; crônicas, relatos, lamentos de paixões destroçadas e corações partidos (Fallen Alien), entre outros tantos temas urgentes. Urgentes para ela, para nós, para o mundo.
Além de nos arrebatar com essas letras atuais e honestíssimas, o álbum não nega beats irresistíveis que “conversam” bem com as tendências dos últimos anos (como em Holy Terrain, parceria com o trapper Future).
Ainda não sei se premiarei MAGDALENE com o título de melhor álbum do ano, porque a concorrência está pesada, mas posso afirmar, sem nenhum peso na consciência, que se trata de uma das peças musicais mais consistentes, inspiradoras e inovadoras de 2019. É daqueles álbuns que continuaremos lembrando por muitos e muitos anos.
Márcio Viana
MAIS UM FIM DO MESMO MUNDO
Graham Coxon lançou um dos discos mais legais de 2019, e nem é um disco de carreira. O guitarrista, multi instrumentista e pintor sabe das coisas.
O disco em questão é a trilha sonora da segunda temporada de The End of the F***ing World, série da Netflix.
Os sons compostos por Coxon para a série são bem palatáveis, ainda que experimentais. Dá até para matar um pouco a saudade do Blur, que não lança trabalho novo desde 2015. She Knows é puro Blur e caberia perfeitamente no álbum mais recente do grupo, The Magic Whip.
Mas o álbum no geral, com exceção desta, não soa muito parecido com Blur, não. Tem aqui e ali uma influência folk, uns ecos de Dylan misturados com sons eletrônicos e algumas esquisitices.
Mash Potato me lembrou um pouco os Beatles do White Album, talvez soaria assim se a banda tivesse escolhido Nashville ao invés de Abbey Road para gravar.
Outro bom momento é a faixa Beautiful Bad, com seu órgão distorcido, além da já citada She Knows.
Coxon já havia feito a trilha da primeira temporada, pareceu natural aos realizadores que ele fosse chamado para continuar com a parceria de sucesso. Deu muito certo.
Ouça aqui a trilha de The End of The F***ing World.
Brunno Lopez
O NOVO FILHO DOS FILHOS DE APOLLO
Sigo na esperança de ainda ouvir a melhor música/álbum de 2019. Esse sentimento tem explicação justificada pelo material recente de bandas que tenho como favoritas.
Mas não fui surpreendido como gostaria por Flying Colors e Fastball. Porém, um fresquinho recent release dá uma baforada de energia antes do jingle bells: “Goodbye Divinity”, do Sons of Apollo.
A faixa já é integrante do segundo disco deles, o “MMXX”, que chega por aqui no dia 17 de janeiro de 2020.
Pra quem ainda não conhece, esse grupo é formado por magos da música: Mike Portnoy e Derek Sherinian (ex- Dream Theater), Billy Sheehan (Mr. Big), Jeff Scott Soto (o pessoal coloca ex-Journey mas pra mim ele é um dos maiores vocalistas em atividade) e também o Ron Bumblefoot (ex- Guns na queda formação que o Axl inventou pós The Spaghetti Incident).
Como quase fã, posso dizer que não é melhor coisa que já lançaram, mas pode ser um bonito embrulho pra presente de Natal. Espero que as faixas restantes façam juz ao extremo gabarito que os integrantes possuem e podem oferecer.
Ouça o single Goodbye Divinity
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana