18 de Maio de 2020
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças.
LANÇAMENTOS
Bruno Leo Ribeiro
PARAÍSO PERDIDO
O meu Eu de 14 anos de idade, faz um tempinho, amou um lançamento específico da semana passada. No dia 15 de Maio, saiu o novo disco dos Ingleses do Paradise Lost chamado Obsidian.
Pra quem nunca ouviu falar no Paradise Lost, eles são uma banda de “Doom-Gothic” metal que começou em 1988. Tem uma certa bagagem aí. Muitas das bandas de Gothic metal ou Gothic Rock, citam o Paradise Lost como uma das suas maiores influências. Entre elas, Lacuna Coil, Katatonia, Anathema, HIM, Cradle of Filth, Amorphis, Nightwish e por aí vai.
Não que o Paradise Lost ou essas bandas soam iguais, mas tem uma coisa do Paradise Lost que é muito característica que é uma guitarrinha cheia de delay tocando no fundo fazendo uma melodia bem triste e melancólica durante os vocais. Coisa que todas essas bandas citadas, usam em vários momentos.
O Paradise Lost foi uma banda que começou muito bem, teve seu auge com o disco Draconian Times e depois foi perdendo a mão e nos últimos anos vem crescendo novamente sabendo se renovar dentro de um movimento do metal mais moderno e com um público mais jovem. Nos últimos discos “The Plague Within” de 2015, e “Medusa” de 2017, a banda vem crescendo e com o Obsidian não foi diferente. Talvez o melhor trabalho da banda desde o disco “Faith Divides Us – Death Unites Us” de 2009.
O Paradise Lost é uma banda que viajo no tempo indo pro meu EU de 14 anos de idade. É uma banda que sempre gostei e sempre me fez companhia nos dias chuvosos e tristes. Vale muito a pena conferir e deitar no chão em posição fetal ouvindo a belíssima “Ending Days”.
Vinícius Cabral
UM ESPORTE ADOLESCENTE
Em 1979, Calvin Johnson, da lendária Beat Happening (até então com apenas 17 anos), matou a charada: “eu entendi o segredo: rock n’ roll é um esporte adolescente, feito para ser praticado por adolescentes de todas as idades- eles podem ter 15, 25 ou 35”. Brilhante insight. Perfeitamente revelador da potência deste disco de estreia da banda de Detroit, Dogleg.
Com 10 faixas rápidas, pesadas e empolgantes, Melee tem toda a energia adolescente que esperaríamos de um grupo de (um rescuscitadíssimo) rock. A velocidade e urgência das canções berradas por seu vocalista evidência que o “slogan” da banda (estampado em adesivo na guitarra do frontman), “play fast” é um lema a ser levado a sério. Melee tem aquela energia tradicional do “emocore”, indo de Rites of Spring a Hüsker Dü, em um mar de referências que até ficam de lado quando nos abrimos para a enorme personalidade dos jovens de Michigan. Dos primeiros acordes de Kawasaki Backflip já se percebe uma linda composição harmônica da cozinha, em contraste com os berros e com a guitarra rápida e distorcida. Tudo a ser dito emocionalmente para um adolescente (de qualquer idade) em 2020 está ali: Tear down my walls, we don’t need them now.
E assim o disco segue numa porrada só, entre clássicos com refrões entoadas em coros (Fox), perfeito equilíbrio melódico e rítmico (como na incrível Wrist), e por aí vai. Nenhuma faixa a pular. Um dos álbuns mais legais do rock alternativo em 2020.
Já não é um lançamento tão fresco assim (saiu em março, um pouquinho antes da quarentena se iniciar para a maioria de nós), mas como o primeiro semestre é uma chuva de lançamentos de março a junho, mais ou menos, vou trazendo em retrospecto por aqui os que mais tem me marcado, independente da data de lançamento.
Márcio Viana
A ASCENSÃO DE ALISON
Alison Mosshart nos deu uma notícia muito confortante, ao menos para quem – como eu – aprecia seu trabalho no The Kills. De acordo com a cantora, ela e seu parceiro no duo, o guitarrista Jamie Hince, estão trabalhando nas canções que integrarão o novo álbum da dupla.
Enquanto isso não acontece – e até por força das circunstâncias – a cantora, que mora em Nashville, resolveu disponibilizar um single duplo, e promete lançar mais coisas solo ainda este ano. Alison, que também é integrante do The Dead Weather, projeto que tem Jack White em suas fileiras, gravou clipes em casa para divulgar It ain’t water e Rise, e são estes clipes que linko aí embaixo para vosso deleite. Que venham os próximos lançamentos de Alison Mosshart.
Veja o clipe de It Ain’t Walter aqui
Brunno Lopez
WE ARE ALL ACTUALLY HERE BEFORE SHE GETS BIG, THIS SOUNDS LIKE IT DESERVES A GRAMMY
Algum sábio desconhecido do infindável mundo dos comentários do Youtube usou toda a capacidade da sua internet – e do seu conhecimento visionário – para escrever esta opinião que usei como título desse texto.
Não que eu seja um grande admirador da premiação, na verdade, se a cantora que estou falando aqui não ganhar o Grammy, quem perde é o próprio Grammy.
Acredito que a sua obra tão recente e já tão inspiradora é confortavelmente maior que um eventual reconhecimento da indústria musical.
Mas antes de falar da tal canção pretensiosa do vindouro álbum dessa mulher excelsa (permitam-me gastar o português pra me referir à ela), voltarei um minuto no tempo, quando tive o prazer de conhecer sua obra.
Foi durante uma audição despretensiosa de ‘Keep Lying’ que ela mostrou seus poderes. Aquele ritmo de envolvimento em seu estado mais puro, dissipando todo tipo de distração para atrair ouvidos, olhos e qualquer um dos outros sentidos para a sua performance.
E eu soube que entrava em contato com uma artista que não era apenas mais uma voz afinada e melodiosa em meio a um mar de aspirantes ao estrelato fonográfico nadando com os braços de seus compositores, produtores e agentes.
Donna Missal é a própria água. Ela consegue escolher se quer ser turva ou clara, calma ou tempestuosa. E dessa água, todos acabam se deixando levar pelas ondas sonoras criadas por suas cordas vocais.
E cá estou, em maio de 2020 com uma notificação do Spotify por email, informando sobre sons novos dessa alquimia feminina.
Se seus olhos ainda sabem chorar, ‘Hurt by you – Stripped’ pode ser o detonador. Algumas notas de piano, um punhado de palavras emocionais bem distribuídas e uma interpretação que dá a impressão de que o nosso corpo está comprando mansões com piscinas profundas para despejar uma quantidade incomum de lágrimas.
Mas não é triste. Ou apenas triste. É bonito de um jeito que, se você por acaso se orgulha de ser insensível, essa característica simplesmente desaparece da sua personalidade.
Enfim, quer saber sobre a música do título?
Bem, a tal Grammy’s song é a adorável ‘Let You Let Me Down’.
Tem algo nessa canção que é genuíno, assim como as emoções que permeiam o LIGHTER, nome do disco que sairá no dia 10 de julho e nunca mais sairá da minha cabeça.
Já vi muitas estrelas nascendo.
Mas aqui, estamos diante de um sistema solar.
Assista Let You Let Me Down aqui
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana