21 de setembro de 2020
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Bruno Leo Ribeiro
AMIGOS SALVANDO O BLUES
Desde o papo que tive com o André Kassu no nosso episódio sobre a Emoção do Blues, venho procurando e ouvindo o máximo de Blues da nova geração. No episódio falamos sobre o “Big Fish” e rapidamente sobre o Gary Clark Jr.
Desde então, parei pra ouvir com calma as coisas do Gary e fiquei encantado com a música dele. Ele não faz apenas um Blues, ele faz um Blues Rock com pitadas de Soul e R&B e um tiquinho de Hip Hop também.
Ele é essa representatividade na guitarra que pra mim serve como um espelho. Um negro tocando músicas da comunidade negra americana e dando o seu toque de modernidade.
Mas esses dias descobri a história de como ele começou a tocar. Ele que é nascido em criado em Austin (terra de ninguém menos que o Stevie Ray Vaughan) conheceu uma menina com 12 anos que tocava guitarra na vizinhança.
Eles viraram grandes amigos na escola e começaram a tocar juntos na garagem da casa da Eve Monsees. Nesse vídeo da Rolling Stone, eles contam mais como que se conheceram e como começaram a tocar juntos.
A vida acabou separando os dois em suas carreiras. A Eve continua tocando guitarra em shows locais no Texas e o Gary seguiu sua carreira e quem diria, já até subiu no palco com os Rollings Stones, Eric Clapton e BB King.
A gente quase nunca fala do valor da amizade dentro da música. Geralmente focamos nas brigas e tretas das bandas. Entradas e saídas de integrantes. A gente nunca fala daquele amigo que te ensinou um acorde novo ou aquele que te ensinou uma música tocando na pracinha ou debaixo do bloco (coisa de Brasília).
Só queria agradecer a Eve pela amizade com o Gary. Por causa dessa garagem e dessa amizade, passei os últimos dias escutando o disco Gary Clark Jr. Live de 2014. E recomendo você também ouvir. Alguém tem que manter essas artes antigas e o Gary e a Eve mantém a música do delta do rio Mississipi de uma maneira maravilhosa. Viva a guitarra e viva as mulheres guitarristas.
Ouça o Gary Clark Jr ao vivo aqui
Vinícius Cabral
COMFORT MUSIC – UM CONCEITO
Essa coluna é a mais difícil de escrever quando me encontro enfurnado em uma pesquisa tão intensa como estou agora. Ao mesmo tempo que tenho vontade de sair indicando tudo o que estou ouvindo, também não quero dar muito “spoiler” do quê vem aí com o episódio para o qual estou estudando e me dedicando tanto.
Faz um bom tempo que eu não consigo simplesmente me desligar da pesquisa para dar uma surfada nos lançamentos do mês, ou cair em um “alívio” de gosto antigo … um disco do qual sinto falta, uma “música de conforto”, etc. E eis que me aparece, dentre os lançamentos hiper recentes, uma música dessas que te abraçam como se sempre estivessem estado ali, pro seu conforto, pro seu alívio.
E a canção é um teaser do álbum solo a ser lançado por Adrienne Lenker, da banda Big Thief (simplesmente a banda que “zerou” 2019 com dois discos arrebatadores). Eu já disse isso antes, mas me sinto obrigado a repetir: Adrienne é a maior cantora-compositora em atividade (pelo menos dentro do nicho do rock alternativo). Sua música nova é mais uma daquelas pedradas que só ela consegue articular; intensa e “confortável”, dolorosa e redentora, intimista e grandiosa.
Impiedosamente “real”, solitária e apaixonada –
drive to the ER and they put me on risk
grocery store list, now you get pissed
unchecked calls and messages
I don’t wanna be the owner of your fantasy
I just wanna be a part of your family
I don’t wanna talk about anything
I don’t wanna talk about anything
I wanna kiss kiss your eyes again
wanna witness your eyes lookin
…
Márcio Viana
HÁ UM MUNDO EM TORNO DE NÓS
Franny Glass é um projeto curioso. A princípio, apesar de ter um nome que parece ser de um artista solo, era na verdade uma banda, formada por Gonzalo Deniz na voz e violão, Germán Deniz na bateria e Nacho Piña no baixo, formação reforçada depois com Gabriel Mazza na guitarra e Sofia Rodriguez no violino. Chamavam-se na verdade Franny Glass & The Bla Bla Bla’s. Só que a tal banda não durou mais que um ano após sua formação, e no ano seguinte, 2007, o tal Franny Glass, heterônimo de Gonzalo Deniz, passou a ser de verdade um projeto solo, mais voltado para os sons acústicos.
Franny Glass é uruguaio. Conheci seu trabalho por conta da coletânea Somos Todos Latinos, em que artistas brasileiros faziam versões de canções dos países vizinhos. Dé Palmeira, ex-Barão Vermelho, interpretou O Campo em Cidade, sua versão em português de El Campo en Ciudad, presente em Planes, de 2014.
Apesar de predominantemente acústico, há momentos em que existe espaço para belos timbres de guitarra, e acho que é nesses timbres que o som dele me ganha, para além dos versos bem construídos.
Explorando a obra do artista, descobri inclusive uma participação do ator e eventual cantor brasileiro Wagner Moura, em Tanta Mala Suerte.
O que fica para mim (e é algo frequente em nossas conversas no SNE) é que existe um grande campo a ser ainda descoberto na música dos países do Mercosul. Neste momento tô na música uruguaia. Para onde será que eu vou depois?
Veja o clipe de El Amor Anda Suelto aqui
Ouça os álbuns de Franny Glass no Spotify
Brunno Lopez
THE (NEW) LOOK
Covers nunca são demais. E eu nem tenho muito pra falar sobre esse. Apenas ouçam meu mais novo repeat desse clássico do Roxette!
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana