Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 94

10  de Maio  de 2021


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana, nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música ou, simplesmente, alguma curiosidade ou indicação. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção. 


NOTÍCIAS & VARIEDADES

Por Bruno Leo Ribeiro

METALZZZZZZSHHHHH

Não é segredo pra ninguém que o metal é a base do meu gosto. Depois de anos ouvindo Heavy Metal, uma hora saturou. No início dos anos 2000, fui pra outros caminhos, revisitei os antigos e modernizei meu gosto ouvindo Pop.

Gosto musical é adaptável. Com o tempo e com mais referências, você vai descobrindo novos gostos e novas paixões, mas a base fundamental estará sempre ali. Seja no Prog Rock, no Classic Rock, no Heavy Metal, no Rock Alternativo ou no Power Metal, alguma coisa de certa forma te emociona quase automaticamente.

Muita banda que amo, lançou discos fracos, mas que amo mesmo assim. A famosa frase, “nem ouvi, mas já amei”, sempre faz sentido.

É muito difícil se descolar do gosto pessoal pra fazer uma crítica. Por isso, acho muito complicado ler um review quando o escritor não gosta da banda ou não gostou do disco. Prefiro os reviews feitos por quem consegue ser mais racional ou os reviews completamente clubistas que falam bem mesmo falando mal.

Estou tentando exercitar isso um pouco e passei a última semana ouvindo os lançamentos no mundo do Metal do ano. Vi algumas listas de melhores discos de 2021 até agora e tenho péssimas notícias.

Mesmo com a minha tendência de já gostar de metal, vejo que isso tem me atrapalhado mais do que ajudado. Tenho achado o Metal no geral fraco, sem graça, sem criatividade, sem riffs, sem bom gosto e sem boa produção. 

As guitarras estão cada vez mais chiadas e com mais distorção só pra terem mais distorção. Não me soa bem. Parece que tudo soa como um grande SHHHHHHHHHH. Ouvi por algumas horas e meu ouvido ficou saturado e cansado. Parecia que estava saindo de dentro de uma piscina.

Estou realmente decepcionado com as produções e a falta de criatividade no Metal mesmo. Um gênero que sempre gostei tanto, me parece agora um monte de roqueirinho truezêra que acha que tomar café da manhã com pizza é coisa de rebelde. Uma galerinha que tem mais preconceitos do que criatividade.

O nível é tão baixo que o Ghost, que não passa de um Mercyful Fate usando fantasias de Halloween, é uma das bandas mais adoradas. Não gosto de falar mal de nada, mas se o Ghost é a salvação do Metal, o metal já acabou. (Não é ruim, mas eu não sinto absolutamente nada ouvindo Ghost).

Claro que temos o Gojira, Mastodon, Opeth, Lamb of God pra manter o nível sempre alto, mas essas bandas todas tem mais de 20 / 30 anos de carreira.

O Metallica lançou o Master of Puppets em 1986 e o James Hetfield tinha apenas 23 anos! Essa é uma reflexão que um dia quero fazer em um episódio. Será que a molecada inovou mais antigamente ou hoje não tem mais espaço pra se destacar tanto assim. O próprio Gojira ficou mais conhecido quando o Metallica ouviu a banda e levou eles pra uma turnê. 

Será que o problema é o metaleiro que só gosta de ouvir as coisas antigas, ou ele só gosta de ouvir as coisas antigas porque hoje não tem nada tão bom quanto? Questões e mais questões. 

Esse é apenas um desabafo mesmo. Um espaço pra eu colocar pra fora o quanto eu to decepcionado com o metal das bandas novas. Consigo contar 10 no máximo que me emocionam e vejo um futuro do gênero. Outras… um pouco mais genéricas que outras fazendo o mesmo som.

Mas sempre tem um suspiro de coisa boa e o KAUAN, banda Russa, que canta em finlandês e reside na Estônia, é um desses suspiros de alívio. Mas o KAUAN é quase um Pós-Metal. Será que esse é o caminho? Escuta aí e me conta :).

Ouça aqui o disco de 2021 do KAUAN


Por Vinícius Cabral

RIOT GRRRL & OTRAS COSITAS

Atendendo a pedidos, eu tinha planejado utilizar este espaço para fazer uma lista das bandas fundamentais para se ouvir a partir do episódio “As mulheres inventaram o Punk?”. Só que, no fim das contas, acabamos fazendo um compilado bem bacana para este post do Instagram do podcast. Na falta de uma lista, essa aí já dá pra começar uma brincadeira. 

Com algumas notas: evitamos o Horses, da Patti Smith, para privilegiar um disco menos conhecido (e incrível) da artista. Queríamos incluir The Shaggs, mas as rainhas do “rock errado” já estiveram bem representadas em nosso episódio sobre o Rock Alternativo. No mais, como ando bem voltado para o resgate da identidade roqueira do Brasil, indicaria As Mercenárias, hoje e sempre (no post colocamos o primeiro álbum delas, mas pode pegar também o segundo … é coisa curta e tem que ouvir). 

Além disso, o Christian me indicou um texto maravilhoso, que complementa bastante esse catálogo com informações sobre o braço sorocabano do movimento Riot Grrrl no Brasil. Por falar em Riot Grrrl, encerro aqui com esse link de uma coletânea da minha banda preferida da cena gringa, as perfeitas do Bikini Kill

Ouça Bikini Kill – The Singles aqui 


Por Márcio Viana

PUMPING MY HEART WITH A HURRICANE

Engraçado usar espaço em uma newsletter para falar de outra, mas é meu dever fazê-lo. Há cerca de um mês, tomei conhecimento de que Patti Smith, umas das minhas maiores referências musicais, literárias e humanas, havia iniciado na prática de escrever semanalmente uma lista com histórias, imagens e reflexões. Alguns conteúdos são pagos, mas rigorosamente todas as quintas-feiras ela envia um texto com acesso gratuito. No mais recente, uma história relembrando um encontro curioso com Bob Dylan, em que, para compartilhar respostas à casual pergunta “e aí, o que você tem feito?”, ambos responderam ter feito uma música em homenagem ao boxeador Ron “Hurricane” Carter, preso por um assassinato que não cometeu. Modesta, Smith comentou com Dylan que a dele provavelmente seria melhor.

Eu não diria isso. Hurricane, a de Dylan, é certamente mais extensa e acabou ficando mais notória, mas Pumping (My Heart), presente em Radio Ethiopa, é muito mais visceral.

O tal encontro aconteceu em uma rua no Greenwich Village, e Patti escrevia em seu caderno o que viria a ser a letra de sua música. Dylan, curioso em saber o que ela escrevia, e se divertindo com a resposta, a convidou a acompanhá-lo até um loft, onde ele apresentaria algumas canções, entre elas sua Hurricane, que ela teve a honra de ser uma das primeiras a ouvir, antes do lançamento do álbum Desire.

Pois bem: Hurricane tem oito minutos e trinta e dois segundos de duração, Pumping, três minutos e vinte e um. Neste ringue, não arrisco dizer qual canção iria ao nocaute. Deixo as duas e vocês escolhem.

Sobre a newsletter de Patti Smith, eu recomendo fortemente a assinatura, mesmo a gratuita. A inspiração é garantida.

Assine a newsletter de Patti Smith

Ouça Hurricane, de Bob Dylan aqui 

Ouça Pumping, de Patti Smith aqui 


Por Brunno Lopez

COMO É SER CASADA COM UM BATERISTA?

É sempre interessante lançar uma luz para um dos membros mais vitais de uma banda. 

Melhor ainda quando vamos além e exploramos a vida das pessoas que acompanham o dia a dia desse músico muitas vezes injustiçado dentro de uma estrutura musical.

Foi exatamente este recorte que o canal do ex-baterista do Angra, Aquiles Priester, abordou em uma de suas últimas lives, trazendo sua respectiva esposa e também a de seu companheiro de baquetas, Nilson Naspolini, para contar histórias do universo baterístico pelo ponto de vista digamos, matrimonial.

Vale a pena acompanhar as aventuras que Patrícia Priester e Karoline Naspolini viveram ao lado de seus maridos bateras.

Assista aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana