13 de setembro de 2021
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. A newsletter desta semana é especial apenas com clássicos que se destacam na discoteca dos nossos colaboradores. Muita coisa velha, outras nem tanto, mas sempre com algo em comum: aquele “gostinho” de clássico. Discos que não saem da nossa cabeça e dos nossos corações, independente da época em que foram lançados!
IT’S A CLASSIC
Por Bruno Leo Ribeiro
HISTÓRIAS DA CIDADE E HISTÓRIAS DO MAR
Todo artista ou profissional, em algum momento gostaria que mais pessoas tivessem acesso ao seu trabalho. E tá tudo bem. Esse sentimento é normal, mas todo mundo vem com aquele papo de “ Ah, fulano se vendeu”. Gente, todo mundo tem conta pra pagar. Furar a bolha não é se vender. Dá pra furar a bolha e criar uma obra incrível, mas que seja mais acessível e popular. E acho que todo artista deveria tentar “se vender” em algum momento pra tentar furar a bolha. Todo artista deveria fazer o seu Black Album.
Depois de lançar discos incríveis como o Rid of Me e o To Bring You My Love, a PJ Harvey fez o seu “Black Album”, o “Stories from The City, Stories from the Sea”. Não sei se esse disco furou totalmente a bolha, mas com certeza furou a minha bolha.
Esse disco é considerado mais acessível e mais “Pop” do que seus discos anteriores, mas desde quando isso é ruim. Depende do disco. Temos que parar de jogar pra baixo o que é popular. Muita coisa popular é excelente. A soberba tem que acabar.
O “Stories from the City, Stories from the Sea”, é um disco nota 10+. Um clássico máximo que quanto mais gente ouvir, mais gente vai se emocionar. Lembrando que esse disco já tem 21 anos.
Com participação do Thom Yorke em três músicas e incluindo as maravilhosas, “Big Exit”, “Good Fortune” e “This Is Love”, esse disco entra na minha lista pessoal de clássicos absolutos. E só o conheci na época, porque ele furou a bolha. Entre de cabeça na carreira da PJ Harvey por esse clássico e depois escute o resto pra decidir qual é o disco dela que você mais gosta. No fim, isso que importa. Se é popular pra sua alma e pros seus sentimentos.
Ouça aqui esse clássico da PJ Harvey
Por Vinícius Cabral
EU ESPERO ACONTECIMENTOS
Pensei bastante se seria chover no molhado recomendar esse disco, o homônimo de 1991, menos de duas semanas depois do Especial Marina Lima entrar no ar. Mas, como eu destaco no episódio, para a própria artista, “música é reiteração”. E a reiteração na carreira da Marina é quase sempre redentora, como o loop fenomenal que embala a canção Criança.
Grávida do mundo, essa mãe de tanta gente e de tantos sucessos, espera aos seus 35 anos completos em 1991, acontecimentos. Em 2021, ano de acontecimentos sórdidos em seu país, Marina segue vigilante e nos chama atenção para as suas próprias palavras, escritas e gravadas em disco desde 1979.
A grandiosidade da artista me puxa hoje especialmente para esse álbum, que sempre encarei como menor. Talvez por causa dos singles muito potentes que nunca me deixaram olhar para o disco de forma mais completa. É um disco completo. Da provocação do prelúdio (Ela e eu) à energia de E Acho Que Não Sou Só Eu, passado pela melancolia de O Meu Sim e Não Sei Dançar, não há um minuto de excesso nesta obra. É a Marina em seu estado de excelência.
Como na excelência de Acontecimentos, uma canção transcendental e atemporal, construída em cima de um riff de guitarra afinada em Mi Aberto. É simples até dizer chega, e é excelente.
Por Márcio Viana
ALVIN E OS ESTILOS
Eu juro a vocês que não combinei nada com o Vinícius Cabral em relação aos discos de que trataríamos na newsletter desta semana, mas uma feliz coincidência (natural, já que estudamos muito sobre eles nos últimos meses) fez com que nossas indicações dialogassem.
Refleti muito sobre o que caracteriza um disco clássico, mas desde meu último texto desta seção, sobre o disco dos Pullovers, Tudo que Eu Sempre Sonhei, meio que concluí que álbum clássico é aquele que a gente considera clássico.
Este disco tem um caráter muito especial, e talvez seja muito subestimado, talvez até porque à época de seu lançamento, em 1997, não fosse tão comum assim no Brasil a modalidade de “disco de compositor”. A partir da segunda década do século atual, o famigerado termo cantautor passou a aparecer por aqui e muitos lançamentos neste sentido traziam as músicas consagradas por outros artistas na versão de quem as compôs.
Alvin L. lançou seu único disco-solo, Alvin, após dois discos com a banda Sex Beatles e várias composições para nomes como Capital Inicial, Frejat, e principalmente Marina Lima, que gravou no seu disco de 1991 o maior sucesso de Alvin, Eu Não Sei Dançar, que aparece aqui numa versão mais bluesy. Aparece também no disco Alguma Prova, gravada por Marina em 2001.
Além destas, Inverno e Alguém Como Eu têm gravações registradas por Dinho Ouro Preto em sua carreira-solo. Curiosamente, nenhuma das músicas gravadas pelo Capital Inicial aparecem no disco, embora sejam inúmeras.
Tudo Que Você Queria Saber Sobre Si Mesmo já havia aparecido em Mondo Passionale, segundo e último álbum da Sex Beatles.
Ao longo do disco, dá pra sacar muitas das referências musicais e literárias de Alvin L., e essa talvez seja a parte mais divertida, a de reconhecer as influências em riffs e frases. É um passeio entre vários estilos, que traz citações a Bowie, T-Rex, Sly & The Family Stone, entre outros.
O disco foi puxado pelo single 24 Dias por Hora, que tem uma ótima letra e já mostra a que veio: o artista não é um cantor virtuoso, mas não faz feio com a voz que tem.
Assumidamente tímido, o compositor declarou à época do lançamento que nunca foi muito sua vontade ser um cantor, ele preferia mesmo compor e tocar guitarra. Talvez por isso ele tenha deixado este único disco como legado e voltado a exercer o ofício de escrever canções para terceiros.
De qualquer modo, fica uma bela referência por aqui.
Por Brunno Lopez
EP DIGNO DE ÁLBUM
Daphne é um oceano de composições criativas. Suas canções conseguem andar por várias atmosferas e abordagens, fazendo com que o ouvinte inevitavelmente deixe escapar os mais variados tipos de sorrisos durante a audição.
Em Get It, apenas 5 músicas conseguem fazer muito bem esse trabalho. Porém, desafio todos a darem o play em “TMI”, que traz um exercício maravilhoso de construção em cima de siglas, amarrado em linhas melódicas viciantes e arranjos simplesmente cirúrgicos embalando a faixa.
É um single que impulsiona o EP que já veio com força e merece um destaque gigantesco a todos que apreciam vocais femininos num pop rock quase despojado.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana