Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 131

24  de janeiro de 2022


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Daqui até o início de 2022, nosso time terá o espaço desta newsletter para abordar pautas livres. Podem ser lançamentos, dicas, reflexões sobre o mundo da música, etc.  


PAUTA LIVRE

Por Bruno Leo Ribeiro

FNDISEMNA

Comentei aqui que fiz uma promessa de abrir a cabeça e tentar curtir sem ranço alguns artistas que tenho bode. E o ano começou já com o lançamento do The Weeknd.

Não é que eu tenha ranço dele, não acho horrível, mas eu acho extremamente hypado. Eu não tenho problema nenhum em curtir e até virar fã de artistas super populares (olá Swifties da Newsletter). Meu problema é quando eu vejo que a arte ficou bem atrás do “ser famoso”. Eu acho que o The Weeknd tá ali na linha tênue. Ele é mega famoso e inclusive passou a ser o artista mais ouvido do Spotify, passando o Justin Bieber.

Meu grande problema com a música dele é que de todos os argumentos que vejo por aí, o que menos faz sentido é o “inovador”. Ele pode ser tudo, menos inovador. Daí vem meu ranço.

O disco novo chamado Dawn FM, parece que a galera no estúdio comprou um pacote de plugins com timbres dos anos 80 e quiseram usar tudo nesse disco. Além de ter o famoso Arpeggiator em praticamente 90% das músicas.

Eu dei dar play no disco com curiosidade e sem má vontade, ainda mais por ter o Quincy Jones no meio dos mais de 8 produtores no disco.

O álbum tem 16 músicas e depois da música 7 já fica bem cansativo e entediante. A qualidade cai demais da metade pro final.

Mas apesar do disco realmente não ser tão bom assim, Take My Breath e Sacrifice são ótimas músicas. De verdade. Essas eu até deu play depois que disco acabou. Mas é isso. É um disco que merece ser indicado a melhor disco no ano que vem? De maneira nenhuma. Nem adianta o Abel Tesfaye dar chilique e dizer que vai boicotar a premiação. Duas músicas não fazem um álbum. E ter o Quincy Jones em uma das faixas também não salvou o disco. 

Ele é enorme, mas acho que ainda falta muita coisa pra ele ser gigante como muita gente acha que ele é. Agora é esperar o próximo lançamento dele pra ver se ele consegue mudar minha cabeça.

Ouça aqui


Por Vinícius Cabral

O PODER DE UMA BOA COLETÂNEA

Eu não dei muita atenção quando, em 2010, os caras do Pavement soltaram sua primeira coletânea, Quarantine The Past: The Best Of Pavement. Isso porque eu já conhecia os álbuns oficiais e EPs deles o suficiente para achar que não fazia sentido ouvir uma coletânea. 

Eu estava errado. 

Pavement é o tipo de banda que, por ter uma discografia limitada, permite com que conheçamos a fundo todo seu material adicional (lados B, coletâneas, bootlegs). Tudo é válido na missão de descortinar por completo (ou o máximo possível) a carreira dos caras. Tanto é que, mesmo depois de uma imersão bastante completa no Raio X feito para o Silêncio no Estúdio, eu continuo descobrindo coisas sobre o Pavement, e me surpreendendo com outras. 

A forma como Quarantine The Past “desce” é impressionante. Provavelmente porque a banda teve a ousadia de mesclar alguns de seus maiores hits (como Gold Soundz e Cut Your Hair), com músicas obscuras de EPs, ou mesmo canções que, no contexto dos álbuns, acabaram ficando em segundo plano. Casos de Unfair (pérola “escondida” do Crooked Rain, Crooked Rain), Fight This Generation (do Wowee Zowee) e a magnífica Embassy Row, do subestimado (até por mim) Brighten The Corners. Ao mesclar canções menos ouvidas com os tradicionais hits, a banda chama atenção para algumas coisas. Primeiro, e mais importante: as músicas mais obscuras da banda são praticamente tão incríveis quanto as principais canções de trabalho dos álbuns. Isso já fica claro no comecinho da coletânea, quando se transita de Gold Soundz para Frontwards (do EP Watery, Domestic) – a canção cairia super bem no Slanted and Enchanted, ou mesmo no Crooked Rain Crooked Rain. Em segundo lugar, há, na curadoria e na tracklist, o mérito bastante evidente de se destacar o melhor do espectro estético da banda. Praticamente nenhuma inovação – lírica e sonora – apresentada pela banda em sua curta carreira, passa batido a partir deste inusitado e único conjunto de canções, meticulosamente selecionadas. 

Em episódio recente do Podcast eu fiz uma defesa bastante veemente das coletâneas, exatamente porque comecei a entender o poder de uma boa coletânea (como esta Quarantine The Past): elas podem servir como uma excelente porta de entrada para o universo de determinada banda, ou de determinado conjunto de bandas. Mesmo para quem já foi “iniciado” em Pavement, seja através de nosso Raio X, ou de qualquer outro acesso, a audição de Quarantine The Past pode oferecer uma experiência reveladora. 

Ouça Quarantine The Past aqui


Por Márcio Viana

FÚRIA E FOLIA

Sempre fui um entusiasta de bons títulos para discos. Aliado a uma boa capa, um disco é capaz sim de chamar o ouvinte a conhecer a música contida nele. O Mundo Livre S/A sempre teve esse poder, ainda que isso não signifique que a banda tenha o reconhecimento que merece. Basta lembrar do genial disco de estreia, Samba Esquema Noise, de 1994, ou mesmo o recente A Dança dos Não Famosos, de 2018.

Isso não é diferente em 2002, e a banda mais uma vez mostra a coesão do discurso, título e capa do álbum Walking Dead Folia.

Como não poderia ser diferente do que se espera de uma banda punk (estamos convictos disso, certo?), o disco todo é focado em temas que remetem à situação atual do país e modo como o governo tem lidado com isso e com as consequências que vêm a reboque. E é assim que nascem clássicos instantâneos como os singles Baile Infectado e Usura Emergencial e a faixa de abertura, Necropolitano.

Mesmo quando não está dentro deste conceito, chama atenção pelo conteúdo das letras e pelos bons títulos, como em Um Pitbull Chamado Van Gogh. A banda também revisita, com participação de Doralyce, um tema presente no primeiro disco, aqui rebatizado de Melô das Musas Empoderadas da Ilha Grande.

A capa, com arte de Wendell Araújo, é tão simbólica quanto o título e os temas, uma vez que traz um palhaço vestido de verde e amarelo em um caixão, carregado por uma multidão em festa, um Hitler com faixa presidencial brasileira e pessoas com celulares tirando fotos obsessivamente.

Ainda há muita coisa para rolar neste ano que promete ser agitado, mas talvez seja inevitável que Walking Dead Folia esteja presente nas listas de melhores de 2022. Vamos acompanhar.

Ouça Walking Dead Folia


Por Brunno Lopez

SO, UNDERSTAND

Não à toa, coloquei o inédito trabalho de Adrian Smith e Richie Kotzen nos melhores discos do ano passado. De fato, a união desses dois ícones do rock faz muito bem não apenas para a cena, mas para a música em geral, afinal, conseguimos ouvir dois artistas explorando algo diferente de suas carreiras particulares com Iron Maiden e Winery Dogs.

E o que isso tem a ver com o título, Brunno?
Calma, jovem!

Eles começaram a excursionar esse ano e, nessas apresentações, além das canções do álbum, eles também executam músicas de suas bandas fixas. Inclusive, o grupo que acompanha os dois conta com Bruno Valverde na bateria!
Com o dono das baquetas do Angra, eles executaram Wasted Years e é aí que temos a chamada desse post devidamente explicada.

Deixarei a versão pra vocês abaixo, já na esperança de que esse projeto não seja apenas de um disco só. E claro, que passe pelo Brasil.

Ouça aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana