14 de março de 2021
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana, nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música ou, simplesmente, alguma curiosidade ou indicação. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção.
NOTÍCIAS & VARIEDADES
Por Bruno Leo Ribeiro
DEFTONES SEM BAIXO
O baixista do Deftones, Sergio Vega, anunciou que saiu oficialmente da banda.
Os rumores sobre uma torta climão entre ele e a banda começaram a circular recentemente quando a banda atualizou a foto de perfil do Spotify sem o Sergio.
O baixista, também do Quicksand, Sergio Vega fez um vídeo no Instagram e disse pros seus seguidores: “Eu não queria ter que fazer um vídeo, mas depois da foto postada no Spotify, senti a necessidade. Para dar uma breve história sobre mim e minha amizade com Deftones. Nós nos conhecemos em 1995. Eu substituí Chi em 1999 e fui convidado a trabalhar com a banda após sua tragédia em 2009. Também me disseram que, da mesma forma que o Frank Delgado, tecladista do Deftones, eu seria contratado ao longo do tempo para me tornar um membro oficial. Trabalhei com a banda por 12 anos e, no início de cada ciclo de álbum, eu perguntava sobre me tornar um membro oficial. Durante o começo do COVID comecei a questionar meu lugar na banda e o futuro que eu queria para minha carreira. Eu realmente comecei a precisar de algo estável, porque naquele momento meu contrato com eles foi cancelado. Um dia eu recebi uma ligação dos caras sobre uma situação interna da banda, e eles me perguntaram se eu era sólido, e que eu teria que voar para Los Angeles para ajudar a resolver isso. Eu estava 100% dentro, mas não posso voltar ao meu antigo contrato. Nossa gerência teve uma conversa para discutir um novo contrato e me ofereceram o mesmo acordo. Nesse ponto. Ficou claro que não havia oportunidade de crescimento para mim. Então eu recusei a oferta. E então eu liguei pros caras da banda imediatamente para ver onde estava a falha de comunicação. Mas não houve resposta.”
Sergio completa que recebeu depois de alguns dias um email dos advogados da banda retirando a oferta e desejando o melhor para ele. Foi então quando ele decidiu sair da banda e focar 100% na banda Quicksand.
Ainda dando um recado para a banda, Sergio Vega declarou, “Eu quero que a banda saiba que eu aprecio todos os anos que passamos juntos: escrevendo e tocando. Eu aprendi muito com cada um de vocês, quando vocês me trouxeram, vocês criaram um novo sentimento de paixão pela música que eu sempre vou amar e carregar comigo. Vocês realmente mudaram minha vida.”
O Deftones está com turnê marcada e ainda não foi anunciado quem irá tocar baixo na turnê.
Se realmente aconteceu como a versão do Sergio Vega diz, a banda foi bem insensível com ele. Mas vamos aguardar a versão da banda antes de começar a julgar na internet. Agradecemos os anos do Sergio na banda.
Sergio Vega gravou com o Deftones os discos Diamond Eyes (2010), Koi No Yokan (2012), Gore (2016) e Ohms (2020).
Por Vinícius Cabral
O ARTIFÍCIO DA INTELIGÊNCIA
Em 2020, na pesquisa para o Raio X – Pavement, eu já tinha percebido uma coisa estranha. Harness Your Hopes – uma canção relativamente obscura que eu conhecia apenas porque tinha sido lançada como bonus track na versão nacional do último disco da banda, Terror Twilight – era nada mais nada menos do que a música mais tocada da banda no Spotify. E segue sendo até hoje, com mais de 60 milhões de plays (quase o dobro da segunda faixa mais tocada, como vocês podem ver no print acima).
O que torna tudo ainda mais estranho é o fato de que essa música, apesar de ser bem cantarolável, era realmente obscura. Eu dei a sorte de ouvi-la no CD da Trama, que era a edição que eu tinha do Terror Twilight desde 1999. Depois descobri que a canção fez parte de uma coletânea de Lados B e sobras do Brighten The Corners, a Nicene Creedence Edition. Acontece que a música provavelmente fez parte das sessões do penúltimo álbum da banda, mas veio à luz como Lado B do single de Spit On a Stranger, primeiro (e mais proeminente) single do Terror Twilight. Trata-se de uma música, portanto, que faz a ponte entre os dois álbuns, selando o momento final de uma das bandas mais importantes do indie rock noventista. Esteticamente ela também performa esta síntese – tem uma levada mais pop e clean, seguindo um pouco a linha do Terror, ao mesmo tempo que traz as quebras e esquisitices que marcam o Brighten.
Mas porquê então uma canção obscura de uma banda que acabou a 23 anos estourou “do nada” na internet? Por isso mesmo que você está pensando: por causa do algoritmo do Spotify. A ferramenta automatizada começou a indicar igual louca a música nos related, até se tornar a mais tocada da banda em toda a internet. Aí dá-lhe playlist, stories, tik tok … já em 2020, quando eu fazia a pesquisa para o episódio, essa era a música que eu mais via linkada em sites, perfis e tweets em geral. A banda, é claro, percebeu isso, e anunciou em 2022 o lançamento de uma versão deluxe do Terror Twilight. Para completar, lançou um videoclipe (!!) do agora single, na quinta-feira, dia 10 de março.
Eu não posso reclamar. Afinal, caí igual um patinho no hype auxiliado pela inteligência automatizada das plataformas. Isso porque, como todos sabem, sou um maníaco pela banda. No entanto, fica mais uma vez o alerta: se for pra confiar em curadorias, que seja nas humanas. Eu falei desta música, com todo o contexto, mais de uma vez em nosso podcast. Sei que ele atinge muito menos gente do que uma viralização pelas plataformas, mas é importante lembrar que por aqui nós formamos uma verdadeira comunidade de pesquisadores musicais, e que, em conjunto, nossos conhecimentos e curadorias qualificam o que as plataformas apenas indicam, sem nenhum contexto ou profundidade. Em um slogan tweetavel (sic): menos inteligência artificial, mais artifícios para as nossas inteligências.
Por Márcio Viana
ANTES TARDE DO QUE MAIS TARDE
O MC5 vai lançar seu quarto álbum. Esta seria uma notícia como outra qualquer de retorno de uma banda com material inédito, não fosse o fato de que o antecessor do novo disco é High Time, lançado há cerca de 51 anos, em 1971.
Depois de muitas tentativas de retomada, uma delas inclusive com uma vinda ao Brasil, com Mark Arm, do Mudhoney, fazendo as vezes do vocalista Rob Tyner, falecido em 1991. Em 2018, o guitarrista resolveu sair em turnê com uma nova formação da banda, incluindo Kim Thayil do Soundgarden, em substituição ao lendário guitarrista Fred “Sonic” Smith, falecido em 1994.
Eis que agora, ao anunciar uma nova turnê, Kramer aproveitou para informar que a banda, com nova formação em que ele é o único original, lançará material inédito. A formação conta agora com Wayne Kramer (guitarra e voz), Brad Brooks (vocais), Stephen Perkins (bateria), Vicki Randle (baixo), e Steve Sallas (guitarras). O teaser de anúncio do novo álbum e turnê apresenta um trecho da faixa Heavy Lifting, composição de Kramer e Brooks com Tom Morello. O resultado, como não poderia deixar de ser, pelos nomes envolvidos e pela perspectiva que se demonstra, é promissor. O produtor escolhido para comandar a gravação do álbum é ninguém menos que Bob Ezrin, famoso por seus trabalhos com nomes como Pink Floyd, Deep Purple, Kiss, Alice Cooper e Lou Reed.
Veja a prévia de Heavy Lifting aqui
Por Brunno Lopez
ELSEWHERE
O Set It Off é uma verdadeira aula de hits. As composições de linhas melódicas deles estão cada vez melhores e mais viciantes. Neste álbum mais recente, eles conseguiram ir além do post-punk que os lançou ao mundo e incluíram elementos mais variados, sendo quase impossível cravar um estilo.
É divertido, é envolvente, é atemporal. Segundo a própria banda, eles querem que as pessoas se sintam confortáveis sendo vulneráveis.
E não é esse o papel de quem ouve música? Estar vulnerável ao que nos transmitem pela arte sonora?
Em 2022, Elsewhere já nos ensina o poder de não tentar se defender de boa música.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana