Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 141

04 de abril de 2022


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.  


RECENT PLAYS

Por Bruno Leo Ribeiro

FRENCH POP PRA ANIMAR

Saiu no dia 1° de Abril o novo disco dos franceses do Tahiti 80 e não parei de ouvir. Estava mesmo precisando de um disco mais contagiante, leve, divertido e gostosinho de ouvir.

Desde o primeiro disco chamado Puzzle de 1999, o Tahiti 80 é uma banda que eu sempre acompanho o que eles fazem. Eu sou muito fã dos discos “Puzzle”, “Wallpaper for the Soul” e o “Fosbury”. Depois desses 3 álbuns, a banda lançou alguns bons discos com algumas músicas legais aqui e ali, mas eu acho que eles acertaram em cheio de novo com o “Here With You”.

Destaque pra “Vintage Creem”, “Hot”, “UFO” e a música que abre o disco, “Lost in the Sound”.

O vocalista Xavier Boyer tem uma voz deliciosa e pra quem gosta de um Indie Pop, vai curtir Tahiti 80. Mais gente precisa conhecer essa banda além do Japão (onde eles são muito famosos).

Divirta-se aqui com o Here With You


Por Vinícius Cabral

2022 EM MODO TURBO

2022 já começou quente, mas só agora – em função de complicações pessoais e de esgotamento de excesso de informação mesmo – estou começando a engrenar. E vou me inteirando à medida, também, que o caldo dos lançamentos internacionais mais interessantes engrossa como a muito tempo eu não via. 

Pois fica no ar uma das minhas primeiras declarações polêmicas deste período: 2022 tem tudo pra ser o melhor ano na música gringa da última década, pelo menos. Abaixo, uma pequena seleção de singles dos álbuns que eu tenho ouvido (alguns valem a pena aprofundar bastante depois, outros nem tanto). *Vídeos e links estão nos títulos das faixas. 

1. Charli XCX – Achei seu disco novo, Crash, um pouco decepcionante, mas tem alguns momentos legais, como este single, Good Ones

2. Lançado na mesma semana que o Crash, temos Motomami, da genial Rosalía. O Bruno já lançou a braba por aqui. Meus dois centavos: é um dos melhores álbuns de pop dos últimos 30 anos. Um negócio realmente diferenciado. Um dos meus destaques é a potente Candy (mas o disco inteiro é interessantíssimo).

3. A banda emo-indie de Nova Iorque, Oso Oso, nunca tinha me surpreendido muito. Seu último álbum, Sore Thumb, desfez qualquer má impressão – trata-se de um exercício muito rico, cheio de camadas e influências bem “raiz” e variadas. Destaque para o single Pensacola

4. Destroyer destrói mais uma vez meu coração. Seu novo disco LABYRINTHITIS é impecável, e mostra que a banda do impressionante Dan Bejar é mesmo como vinho – só melhora com o passar dos anos.O single Tintoretto, It’s For You resume a pancada.  

5. Vira e mexe o Hardcore/Punk tradicional tenta reaparecer na cena dos EUA. Nos últimos anos algumas bandas bem interessantes (ainda que híbridas) têm obtido algum destaque. Casos de Dogleg, The Armed, Turnstile (xodó indie inclusive no Brasil), entre outras. Mas desta vez temos um grupo relativamente novo (formado em 2014) que promete tomar de assalto a cena, com um Hardcore “raiz”. Porradaria pra ninguém botar defeito, com letras hiper críticas e uma consciência política jamais vista no país da américa do norte (pelo menos desde, sei lá, um Bad Brains da vida). Um gostinho disso tudo está no clipe de Jump!! (Or Get Jumped!!!)((by the future)), que mostra o baterista da banda sofrendo “racismo reverso” (contém ironia, pelo amor de deus, vide as aspas). 

6. Para terminar este pequeno giro, meu xodó de 2022: a neozelandesa Aldous Harding (alguns diriam, a única neozelandesa que merece nossa atenção). Harding já não é novata na cena, mas nunca tinha me convencido, com álbuns medianos que não pareciam valorizar sua diversidade vocal e artística. A artista amassou essa queixa com o brilhante Warm Chris. Vou falar mais deste disco em breve. Por enquanto, fiquem com o magnífico single Lawn (a música é tão boa que chega a me lembrar os melhores momentos de Stereolab). 


Por Márcio Viana

A CHAMA PERMANECE ACESA

Uma das coisas que mais admiro em Lô Borges, uma das minhas grandes influências musicais, é o apreço que ele tem pelo novo, o inédito. Mesmo reverente à sua obra, ele tem nos últimos anos se esforçado para ser produtivo e sempre lançar novos discos.

É com esse espírito que chegou Chama Viva, seu novo álbum, que tenho ouvido bastante nestes últimos dias, e que vem com o acréscimo de ser uma obra nova e ao mesmo tempo reverente com o passado, ao trazer para as canções antigos parceiros de Clube da Esquina, como Milton Nascimento em Veleiro e Beto Guedes (com – além da divisão de vozes – belos sons de guitarra) em Primeira Lição.

Ao contrário do disco anterior, Muito Além do Fim, em que retomou a parceria com o irmão Márcio Borges, neste Chama Viva Lô deixou as letras a cargo de sua ex-esposa, Patrícia Maês, que inclusive canta no disco, em Desabrochando Flor.

Mas o que esperar do disco? Mais do mesmo, mas um mesmo que está longe de ser mesmice. É a chama acesa, uma chama que não se apaga e mantém o coração quente.

Ouça Chama Viva


Por Brunno Lopez

UM PRODÍGIO QUE SOA COMO VETERANO

Embora exista a impressão de que todos nós estejamos vivendo uma pequena grande escassez de relevantes obras musicais, uma boa garimpada sempre costuma trazer fortunas inesperadas que nos enriquecem até a próxima seca de inspiração sonora.

E numa dessas baciadas sem muita esperança, um brilho se destacou na peneira de singles puramente protocolares e colocou cifras emocionais muito impactantes em meus fones de ouvido. Com apenas 22 anos – mas já em seu quarto álbum – o compositor, guitarrista e cantor Quinn Sullivan chega pra alugar aquele bom e velho triplex na cabeça de todos aqueles que anseiam por um som gostoso de ouvir, com um tempero de blues em meio ao pop quase que inevitável.

Se nos primeiros trabalhos ele focou mais em seu desempenho nas seis cordas, em Wide Awake o destaque foi para as composições e a voz. Claro, a guitarra continua presente em momentos pontuais, mas o esforço ficou mais distribuído.

“In a World Without You” é aquela canção que transforma segundas-feiras de tempestade em sábados quentes. O groove funciona muito bem nas palhetadas bem arranjadas, explodindo num refrão que causa rugas de expressão de tanto sorrirmos.

Apesar do vocal jovem, o material soa para um artista experiente, que entrega um disco irretocável, tal qual um bolo feito pelas nossas avós que nos deixam raspar a forma da cobertura.

É o play sem sustos que vira trilha sonora instantaneamente. Bem produzido, bem tocado, bem cantado, bem que se quis depois de tudo ainda ser feliz.
Sim, Marisa Monte iria adorar o nosso Robin que soa como o Batman de Nolan.

Ouça aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana