Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 148

23 de maio de 2022


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. A newsletter desta semana é especial apenas com clássicos que se destacam na discoteca dos nossos colaboradores. Muita coisa velha, outras nem tanto, mas sempre com algo em comum: aquele “gostinho” de clássico. Discos que não saem da nossa cabeça e dos nossos corações, independente da época em que foram lançados!


IT’S A CLASSIC

Por Bruno Leo Ribeiro

PLANO DE MESTRE

The Masterplan – Wikipedia

Oasis é aquela banda que desperta sentimentos conflituosos. Muita gente adora e muita gente não gosta, principalmente por causa do comportamento meio chato dos irmãos Gallagher, mas não podemos negar que a banda foi uma das maiores bandas do mundo entre 1994 e 1998. Depois disso a banda ficou desgastada e acho que os ouvintes eventuais, se cansaram das brigas e foram abandonando a banda e indo ouvir outras coisas como Radiohead e até o Coldplay.

Depois de lançarem a trilogia Definitely Maybe, What’s The Story (Morning Glory) e Be Here Now, a banda estava no auge da carreira, tanto de drogas, como de shows. 

Mas durante o processo de composição desses 3 discos, muitas músicas foram descartadas e ainda bem que eles tiveram a ideia de juntar tudo e lançar a compilação chamada The Masterplan.

Eu sei que pode parecer clubismo puro, mas pra mim, esse é o melhor álbum do Oasis. Ele não se encosta em hits isolados e acaba sendo um disco mais consistente que todas as músicas elevam a qualidade, criando um repertório não óbvio e mais puro. Provavelmente as músicas escolhidas para os discos da trilogia, foram selecionadas com uma visão puramente comercial, por isso acho que o Masterplan é um disco mais real e com uma certa diversidade dentro do que o Oasis consegue fazer.

O disco conta com Half the World Away, que pra mim é a melhor e mais bonita canção da banda. Rockin’ Chair, Masterplan, Stay Young e muitas outras, tem até um cover de I Am The Walrus dos Beatles que eu gosto muito (cover não é minha parada, ainda mais dos Beatles).

Fica aqui a reflexão sobre o melhor álbum completo da banda e eu entendo totalmente se você achar que estou equivocado. Quem nunca deu uma opinião emocionada?

Ouça aqui o The Masterpla


Por Vinícius Cabral

O QUE ERA VELHO NO NORTE, SE TORNA NOVO NO SUL

Recentemente abriu-se um debate importante sobre quais seriam os 10 melhores álbuns da música brasileira. Depois de muitos dias de conversas e reflexões, a conclusão inevitável foi a de que é impossível conceber uma lista de apenas 10 álbuns.

O que a Rússia tem de gelo e os Estados Unidos tem de produtos kingsize, o Brasil tem de música. Região a região, época por época, é possível escolher álbuns de todos os gostos, gêneros, ritmos e misturas específicas. Mas claro, como nossa especialidade por aqui é sempre o rock e suas variantes, é impossível não olhar para a história específica do gênero no brasil, com todas as misturas e inovações que, vez ou outra, apareceram para o aterrar totalmente, nacionalizando-o de forma sui generis.

Foi o que fizeram os pernambucanos do Mundo Livre S/A. Além de chutarem a porta com o álbum de estreia, o emblemático Samba Esquema Noise de 1994, a banda iria lançar dois anos depois uma das obras mais coesas, instigantes e livres (com o perdão da “sacadinha”) de todo o rock nacional.

Guentando a Ôia é daqueles discos que mudam vidas e expandem horizontes. Além de consolidar um samba-rock diferente, trocando as palhetadas de Ben nos violões por cavaquinhos misturados a guitarras distorcidas, o disco é … perfeito. Clássico atrás de clássico: Desafiando Roma, o hino zapatista mais memorável que já ouvi; O Seu Suor É O Melhor De Você, com uma das letras mais cruas e carnalmente românticas que já saíram de nosso cancioneiro; Pastilhas Coloridas, a crônica social perfeita da realidade recifense; Destruindo a Camada de Ozônio, em seu punk-manguebit turbinado pela participação de Chico Science (“pois o que era velho no norte, se torna novo no sul”); por aí vai.

Não há faixa mediana neste clássico. Me lembro até hoje a primeira vez que ouvi Free World: eu fiquei tão chapado com aquela guitarra rasgando no meio a levada de cavaquinho da introdução, que nunca mais me esqueci de acompanhar cada movimento desta banda espetacular. É claro que nos anos seguintes a proposta artística do conjunto iria crescer. Carnaval na Obra e Por Pouco, por exemplo, são discos igualmente impecáveis, que marcaram a época com experimentações realmente fora da curva. Mas é de Guentando a Ôia que eu acho que se guardam as memórias mais vívidas e marcantes. Ouvindo-o em retrospecto, é possível afirmar com tranquilidade que se trata de um dos álbuns mais ferozes da história do rock nacional e, porque não dizer, da história da nossa música – ainda que a concorrência pareça ser, como eu disse lá em cima, infindável.

“Fuleragem, Maresia, Malandragem, Regalia. Mundo Livre, Vamo Nessa!”

Ouça Guentando a Ôia aqui  


Por Márcio Viana

O NOVO FAZ 25 ANOS

Uma das efemérides deste mês que já caminha para seu final foi a comemoração dos 25 anos do lançamento de OK Computer, terceiro álbum do Radiohead e certamente um marco na carreira da banda, embora ela ainda tenha dado outros passos inovadores ao longo desta.

Muito já deve ter sido falado sobre este disco, mas para mim o que se destaca é o fato de que a banda conseguiu fazer um álbum conceitual em que as canções funcionam isoladamente. A bem da verdade, o caminho já vinha sendo demarcado em The Bends, álbum anterior, que já iniciava uma espécie de rompimento com as estruturas tradicionais de rock, tirando a banda da caixinha do britpop, na qual, a bem da verdade, ela nunca esteve bem encaixada.

Em OK Computer, o grupo enveredou pela autoprodução, junto com o engenheiro de som Nigel Godrich, que passaria então a ser frequente nos trabalhos em parceria com a banda, estendendo isso também para trabalhos com Thom Yorke, como o grupo Atoms for Peace.

Quanto ao caráter conceitual ao qual me refiro no segundo parágrafo, não há exatamente uma linha que una as canções, mas são canções de distopia, de um mundo dominado pela solidão das pessoas, um mundo tal qual o imaginado por George Orwell (influência que seguiria firme nas letras dos discos seguintes), de comportamentos sendo vigiados e sujeitos a represálias e punições.

O legado de OK Computer, para além dos discos posteriores da banda, pode ser percebido no som de bandas como Muse, Arcade Fire, Tame Impala, entre outros surgidos nas décadas seguintes. Em 2009, o álbum ganhou uma edição de colecionador, com faixas bônus, takes alternativos e versões ao vivo. Em 2017, quando completou 20 anos de seu lançamento, a banda lançou OKNOTOK 1997 2017, contendo lados B de singles e canções inéditas.

Ouça Ok Computer aqui 


Por Brunno Lopez

SÓLO TÚ SABIES BIEN QUIEN SOY

Acústicos sempre nos trazem nostalgias boas, principalmente quando viajamos pra 1999. É neste ano, a colombiana Shakira lançava seu Unplugged irretocável gravado no Grand Ballroom, em New York. 

Com latinidades efervescentes, a performance rendeu à cantora seu primeiro Grammy. Produzido por ela e por seu amigo Tim Mitchell, o disco que na época saiu como CD e DVD, traz um registro cristalino de uma artista em seu momento de mais pura criatividade, esbanjando autenticidade e todo o swing natural de suas canções.

Destaque para No Creo, com uma letra que desacredita alguns nomes da literatura e demais personalidades.

Ouça aqui 


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana